Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 abril 2013

Vi isto e pensei que era aqui que me apetecia - um dia destes, um fim de semana destes - tomar o pequeno almoço ao meio dia: com a luz a iluminar tudo, com a vida a sentir-se além da flor da pele, mas também à flor da pele, ali à mão de semear, de colher numa festa que se encontra por acaso na pele do outro, pelo peso da ternura nas pestanas que nos faz baixar os olhos e abrir um sorriso desabrido, pelo mel que se traz no olhar para ser colhido por quem se olha... depois percebi -caiu-me como um raio que fulmina e arrasa tudo a cinzas - que há coisas que já nem pertencem à categoria de sonhos, mas só à de miragens, piscamos os olhos duas vezes, atentamos melhor, e vemos que não está lá nada, nem vale a pena caminhar nessa direcção, não está lá nada, nós não estamos, nem nunca estaremos lá. Ainda que um dia possa ir precisamente a este sítio, sentar-me até nesta mesa, nunca o que eu vi quando vi esta fotografia, nunca isso deixará de ser uma miragem, e das que doem. 
Ainda que um dia eu vá, nunca chegarei onde queria ir. 
O destino às vezes não é um lugar, 
é uma memória que fabricámos num futuro que não existe.
Às vezes o destino é uma miragem.
..e cada vez menos.