Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

18 janeiro 2014

E aqui estou eu, a dar-me meia hora, a fumar um cigarro sentada à beira da janela, a espreitar entre as gotas de água que se ficaram no vidro e a ouvir música dum cd que tem 1-11-2010 escrito pela tua mão. E penso no que estarás a fazer, no que pensas, se ouves música de algum cd que tem alguma coisa escrita pela minha mão, e tanta coisa que não escrevi, nem escrevo, mas que sempre te quis dizer nas musicas que te entreguei. Sento-me aqui e penso, mesmo que não queira pensar. Penso que estás sempre aqui quando não estás, e lembro-me que a última coisa que me disseste foi que querias mandar tudo e todos à merda. E eu obediente. Fui. Aqui estou.
"As flores delicadas são as primeiras a perecer numa tempestade; o gigante é prostrado por um disparo de funda. Por cada altura que se conquista ameaçam-nos perigos novos e mais desconcertantes. O cobarde fica muitas vezes soterrado debaixo do próprio muro contra o qual se encolheu, tolhido de medo e angústia.
(...)
É inútil pensar em segurança, pois não existe. O homem que procura segurança, até mesmo no espírito, é como um indivíduo que seria capaz de amputar os próprios membros para os substituir por artificiais, que não lhe causariam dores nem problemas"

Henry Miller, in Sexus

[...para evitar problemas e dores, ou pensando que o evita, há quem se queira amputar de partes de si mesmo, amputar-se da vida, como se essa amputação não infligisse a maior dor, e não seja, de todos, o maior problema.]