Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

21 junho 2015


... E pensar que há pouco mais de uma hora estava a suportar uma temperatura com mais dez graus, e agora molho os pezinhos e sabe bem. Muito mais fresquinho aqui. 
Depois duma caminhada à beira mar, parar num sítio de praia quase deserta como eu gosto, um livro e fones. Podia ser pior...
Bom dia.

O sangue que me corre nas veias também me corre daqui, também aqui me pertenço, me sou, e tão pouco me dou. Noite boa, quente, aconchegante, de gargalhadas aconchegada, põe-me a pensar, deitada sob um enorme céu habitado por minúsculas estrelas, que cada vez me acho melhor sozinha, sem a  preocupação de saber do bem de quem me acompanha, sem ter de saber se está bem, à vontade, se se sente bem ali, ao pé de mim, ou se a sua vontade já tem um pé na estrada para qualquer lugar. É uma espécie de conforto, é uma certa liberdade, um certo estar bem. Sem mais nada, só estando, a ouvir o coração bater e a olhar as estrelas, com conversas de fundo salpicadas de risos. Não sei se alguma vez encontrarei alguém com quem consiga estar assim, à vontade, nesta liberdade doce, onde a única amarra escolhida seria um olhar cúmplice, que nos descansa, que nos diz "estamos bem, estamos bem aqui". Um olhar em que cada um segreda ao outro "estamos bem em qualquer lugar em que tu estejas", um olhar que nos faz ponte e nos amarra na liberdade de estar bem. Cada vez acho isto mais impossível, e menos que esse impossível é-me cada vez menos possível.

Boa noite.