Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

31 outubro 2014

[foto de Erich Hartmann]

Hoje é dia de ficar com uma g'andabóbora... 
eheheheh





" Aquilo que de verdadeiramente significativo podemos dar a alguém é o que nunca demos a outra pessoa, porque nasceu e se inventou por obra do afecto. O gesto mais amoroso deixa de o ser se, mesmo bem sentido, representa a repetição de incontáveis gestos anteriores numa situação semelhante. O amor é a invenção de tudo, uma originalidade inesgotável. Fundamentalmente, uma inocência. "

Fernando Namora, in 'Jornal sem Data'

[sim, quando é amor é único e nada se lhe compara, nem mesmo outro amor. 
é único e reinventa-se todos os dias. Começa quase sempre no sorriso do outro, ou no desejo dele, e acaba no nosso. A vida não se devia medir a dias, mas a sorrisos, a sorrisos que provocamos a quem amamos, e que nos fazem depois nascer por dentro um sorriso doce e quente e que desagua nos nossos lábios...e com sorte também nos do outro, naqueles beijos que nunca se programam,que acaba por ser o programa de todos os dias, reinventado, único e eternamente repetido. ]

Bom Dia
(sim, mais boa tarde, mas pronto, foi quando deu)

30 outubro 2014

... Um abraço bom, doce e quente.
Boa Noite

... No fim de Outubro almoçar com os pés enfiados na areia é coisa para fazer pensar que a vida pode valer a pena... Ou poderia. 
Fico aqui e ponho-me a pensar que o tempo só existe para a frente, e mesmo assim carece de prova, talvez daqui a uma hora já não haja tempo? Ou daqui a um mês, ou um ano. Porque o tempo só existe para a frente mas sem medida, sem quanto. Para trás só há passado que se faz de fragmentos de memória, e a memória não tem idade, nem tempo. E no entanto percebo que amarelece, que se esbate, às vezes que até se debate com a razão e os quereres. O passado é só para guardar em memória, não é para viver o futuro. Mas lá fica, e lembra-nos de quando em vez que não há tempo, porque até pode ser Verão em fim de Outubro, que o passado nao adivinha o que virá além, e que o tempo é só um sobrenome da esperança ou do futuro, só existe projectado, e só existe verdadeiramente para frente, onde pode nunca mais haver invernos sem pés na areia. 

Bom Dia



"não digas nada, as nossas línguas são parecidas e falam no mesmo toque. fazes-me cócegas quando te ris e os meus dedos sentem a saliva dos teus lábios. não digas nada, deixa-me entrar. há uma rua dentro de ti. és terra húmida e uma ilha infinita onde repetimos os gestos e o sexo esconde o tempo noutro lugar. não digas nada, a respiração fala por nós. moves-te como um barco devorando as ondas. moves-te num tempo que já não nos pertence. estás solta. o vento sussurra-nos por mais. movo-me depressa, devagar, depressa, devagar. a respiração fala por nós. em concha trocamos o gesto pelo gosto e tudo acontece. daqui a pouco vai chover..."

Daniel Camacho
(da sua página de facebook)

[... sim daqui a nada vai chover, daquelas molhas que ensopam os ossos e nem sempre molham a pele. Aquelas chuvas ácidas que corroem e nos deixam líquidos os ossos. Chuva que não cai no tempo e que a terra não bebe. Água que se bebe por dentro e não mata a sede da vida dissolvida no passado da ponta dos dedos. Nunca chove na ponta dos dedos.]


Boa Noite

29 outubro 2014

... há dias em que se acorda o perfeito patinho feio.
Não há maneira de disfarçar, tudo chateia e tudo irrita.
Resta-nos a ideia simpática de que há quem ache alguma piada aos patinhos feios, 
e lhes dê mais mimo e carinho por isso... 
e isso era coisa para me cair hoje que nem ginjas, a sério... bahhhh
isto hoje não está lá muito bom, não...
estou farta de dias assim-assim, não sou da genética do assim-assim...
mas espero que por aí o dia esteja e seja bom...

Bom Dia

Sim, sim... depressa.

Boa Noite

28 outubro 2014


"Desci. Sentei-me perto, muito perto da avó Agnette. Ficámos a olhar o verde jardim, as gotas a evaporarem, as lesmas a prepararem os corpos para as novas caminhadas. O recomeçar das coisas.
- Não sei onde as lesmas sempre vão avó.
- Vão para casa, filho.
- Tantas vezes de um lado para outro?
- Uma casa está em muitos lugares - ela respirou devagar, me abraçou – É uma coisa que se encontra."

Ondjaki, in Os da minha rua


[...onde nos encontramos. Onde somos nós.
Às vezes demora-se muito a chegar a casa.]

Coisas boas.... Doces. 
Lembra-me de quando me chamavam doce de amor(a)... E haveria coisa mais doce para se chamar a alguém? Mesmo que seja mentira, adoça a existência e o sorriso, e mesmo depois do silêncio faz-nos açúcar na boca... como beijos por dar.

[sim, parece-me que não são amoras na foto, mas que importa isso se foi de amor(a)s que me lembrei. Que importa a realidade se a nossa verdade fala por cima dos olhos, e dos dias?]

Bom dia!

27 outubro 2014

...hummm 
...seguimos o estômago, sei lá... porque não?
Eu é que estaria tramada, que não cozinho nadinha...
... dava jeito alguém que fosse bom na cozinha... 
e já agora que também soubesse cozinhar!
eheheheh
(e por hoje aqui chega.... bora lá para a cozinha)


(...)
mas su mitad de amor
se negó a ser mitad
y de pronto él sintió
que sin ella sus brazos estaban tan vacíos
que sin ella sus ojos no tenían qué mirar
que sin ella su cuerpo de ningún modo era
la otra copa del brindis

y de nuevo se dijo
qué sencillo
pero ahora
lamentó que el futuro fuera oscura maleza

sólo entonces pensó en ella
eligiéndola
y sin dolor sin desesperaciones
sin angustia y sin miedo
dócilmente empezó
como otras noches
a necesitarla.

Mario Benedetti

[há lá melhor maneira de parar o dia, ou de acordar os olhos para lá do dia para que se acordou, e ler isto?... não acho que haja. Gosto desta doçura, ainda que triste, destes sentires. É disto que quero rechear a minha vida, a vida fora dos dias para que se acorda já feitos, já delineados, quase mecanizados, mas que só estes bocadinhos e alguém que os entenda como nós, fazem ser dias a valer a pena, a valer tudo. Um mundo nosso dentro do mundo de todos; um dia inteiro dentro de pequenos instantes. E perguntam-me: como? porquê? como é possível? E é isto. Assim. Só entende quem não entende, sentindo o que não se entende. Aceitando que é assim e não pode ser doutra maneira. Não é para todos. ]

Bom Dia

25 outubro 2014

Será?... É uma experiência interessante. Seria uma solução, e lá está a química diz que o álcool é uma solução e parece se-lo para tanta gente... É uma questão de uma pessoa testar a teoria e dedicar-se à experiência... Depois logo verei da veracidade da coisa, ou não.
Só custa a primeira vez: desmembrar a pessoa do coração. Desalma-la daquilo que mais é. É certo que sentirá de vez em quando as dores fantasma dos amputados, mas livra-se do fantasma da dor sempre presente. Ou assim espero. Disseram-me que é possível e funciona: fazer sem sentir, viver sem ser. Só custa a primeira vez, é dar-me sem me terem. Até que ninguém me tenha. Nem eu.
Os olhos - o que dizem de mim ser mais meu - não parecem conseguir fechar-se mas também não se abrem, duvido até que vejam, embora olhem para tudo. Apago todas as luzes, baixo todas as perssianas, mas a escuridão não apaga a memória. Sem memória todos seriamos crianças, livros em branco a cada vez que se abrissem, por muito que o repetíssemos. Sem memória nada se aprenderia e seríamos só instinto. Não haveria erros nem lições, haveria um segundo de cada vez e nenhum passado, esse que nasce a cada segundo, a cada respiração, a cada pensamento tido, a cada memória. E fecho os olhos e estou cheia de passados. Abro os olhos e não vejo futuro nas memórias. Vejo passados no futuro. Remexo nos passados e nunca lhes vi futuro. 
Apago todas as luzes, fecho todas as janelas de luz, e na escuridão ainda existo no que fui, ainda sou o que já não é, a memória dum passado que morreu em cada segundo que não deixei morrer. 
Abro os olhos, olho para tudo, mas o futuro não se vê.

24 outubro 2014

Mario Benedetti.... Coisa mais boa, palavras tão minhas que as sei por dentro, ainda que não as cite de cor. Sei-as mas não as decoro, antes as devoro de tanto as sentir e me fazerem parte, ainda que não saiba escrever assim, falar assim... Mas penso que sinto assim ou sinto que penso assim, confunde-se-me tantas vezes o pensar com o sentir, dançam juntos e só as vezes se atropelam e se pisam, são tantas vezes um par que não descola, que não me sei separar, ou penso que não sei...
Mais um dia de carrossel, mais uma voltinha.
...mais um dia de loucos, mais um dia de corrida até à hora de jantar;
mais um dia cheio de nada, a acabar no vazio dum fim de tarde sem coisa nenhuma 
além de todo o peso dos dias por vir. 
Voltas e voltas sem sair do lugar.
Ao menos mexo-me, obrigo-me a fazer e a fazer o melhor que posso e sei para não me ser, 
para não me saber, para não me restar, pelo menos até ao fim do dia, altura de todos os cansaços, altura de todos os fins que me restam.

Bom Dia

Os livros. Volto sempre aos livros, ponho-me a ler como quem mergulha noutras vidas, viver a vida que não é minha. A minha parece tão pouco minha... Trocar os sonhos às voltas em mim, trocar as voltas aos meus sonhos, trocar os meus sonhos por outros, sonhar outros sonhos que fazem outras vidas. Sonhar-me diferente.
Sonhar-me porque ninguém me sonha.
E eu só sonho que alguém me viva.

Boa noite

23 outubro 2014





entre a saliva e os sonhos há sempre
uma ferida de que não conseguimos
regressar

e uma noite a vida
começa a doer muito
e os espelhos donde as almas partiram
agarram-nos pelos ombros e murmuram
como são terríveis os olhos do amor
quando acordam vazios

Alice Vieira


[os meus hoje dormiram até tarde depois de me levantar, mas quando acordaram, acordaram verdes de esperança, de coisas que se querem boas, de vontade de viver, de viver a vida como pode ser vivida, de me dar e de ter quem me acolha.
só me faltam as mãos nos ombros, e a cabeça a inclinar-se para essas mãos, os lábios quentes a beijar essa pele que se torna minha porque a minha deixa de o ser. há sempre uma maneira de regressar duma ferida, é alguém nos curar dela, não nos arrancam a ferida mas arrancam-nos dela. ]
... Sim, hoje era isto que apetecia...
Ronha, descanso e cama...

Bon Giorno!!

Cãibras que me fumam os músculos
E me prendem as insónias.
Noites que o sossego não conhece.
Larvas que me roem a espinha,
e que  me corroem por dentro da pele que não dispo, 
que espremo desesperada e me saem pelos poros em desespero.
Que não acabam de nascer,
continuamente.
Mato-as e nascem.
Nascem e mato-as
Comigo
Sonho-as em sonos que não acordam.
Espremo-as, esgoto-as, e não acabam.
Gente que me suga as entranhas como se a alma não me fizesse falta,
Só porque as larvas não têm alma
E não morrem se eu não acordar.

22 outubro 2014

... Coisas que me soam verdade...
Mas nem sempre a realidade as diz...
... ou várias vezes.
O melhor beijo do mundo.
E depois parecer acabar o mundo.



Um braço. Às vezes bastava-me um braço, para poder agarrar e agarrar-me a dormir, para dormir o sono que a vida me roubou, para me entreter em festinhas que me consolam a alma, para me perder em cada milímetro de pele onde caibo inteira, desmedida.  Um braço para tocar e sentir pele com pele, mão entrelaçada nos dedos em que me perco e me acho em desvario. 
Um braço. Às vezes bastava-me um braço. Agora. 

21 outubro 2014


"Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. 
Mais eu. Mais você. 
Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. 
Eu quero nós. Mais nós. 
Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. 
Nós que não atam nem desatam. 
Eu quero pouco e quero mais. 
Quero você. Quero eu. 
Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. 
Quero seu beijo. Quero seu cheiro. 
Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."

Fernanda Mello

[quero, quero isto tudo que são pequenos nadas, coisas simples, coisas sentidas, genuínas, com a densidade do gostar que queremos na vida, onde nos sentimos completos, inteiros e bem. Quero ronha e mimo e beijos e conversas e meiguice no toque e desejo no olhar. Quero enroscar-me e não saber onde o nós começa e eu não acabo. Quero chegar a casa e começar-me num nós que nao acaba e que se começa de cada vez que um olhar é a nossa casa e a vida toda.
É isto é só isto tudo. É isto que quero. E existe. E eu sei. ]

Boa noite


"Mas não dizíamos que todo o blogger escreve para ser lido?
(...)
Sabendo de antemão tudo isto, o blog do Menino De Sua Mãe posiciona-se desde o seu início num terreno “difícil”: falar de forma séria e desassombrada sobre sexo, sobre a vida, sobre amor, sobre literatura, ser, portanto, um blog “de autor” porque o fio condutor, o que une os textos, é a visão do autor sobre o mundo. Ao mesmo tempo, o autor não dá a cara, esconde-se atrás de um personagem, do Menino, sem idade, sem rosto, sem profissão definida, sem amores assumidos nem lugares a que chama seus. 
(...)
Mas, ao mesmo tempo, é um blog cheio de imagens de gente nua, mesmo quando se fala de poesia, um blog com palavrões, um blog que não se pode recomendar aos amigos, um blog que não se pode partilhar no Facebook.
(...)
Se calhar, o Facebook tem razão: se calhar o Menino é um blog perigoso, neste mundo onde é cada vez mais perigoso ser a ovelha fora do rebanho, neste mundo onde é cada vez mais perigoso ter ideias, cada vez mais mal visto pensar pela própria cabeça."


E só agora é que eu vi isto!!!!!!

Ohhhhh Menino e eu a pensar que tu não escrevias para ser lido, e que pedias para caridosamente ocultarem a autoria dos teus textos, do personagem que criaste para poder escrever, para poder ter um blog de autor, ainda que sob anonimato da verdadeira pessoa por trás do Menino... sabes, como pessoa inteligente que sou e que és, e que tanta gente - mesmo que não muito dotada dessa coisa chamada inteligência -, percebe é que se se cria um personagem é para proteger a pessoa real que lhe veste a pele, não prejudicando o feedback e o poder ser reconhecido como autor do que escreve (bom ou mau, opiniões cada um tem a sua)... afinal como dizes tens um blog de autor. E eu sabia disto, até de já o termos comentado em conversas casuais das desonestidades intelectuais que por aí pairam... e agora que vejo este teu post relembro-me do que uma certa vez me ri pela soberba presunção de certas pessoas da estupidez alheia (e valente lata, para não dizer uma coisa mais feia..) de dizer que, depois de copiar (não partilhando da fonte, como é suposto ou normal numa situação destas, e numa plataforma global como o facebook pretende ser...) omitiu a autoria "a vontade do próprio", não por falha ou esquecimento ... o que eu me ri quando me contaram isso, a sério... ri-me do ridículo da coisa, mas todos os casos semelhantes me irritam, acho muito feio, mesmo. E já me aconteceu a mim - uma página do facebook que sigo, de repente, começar a pôr trechos de textos aqui do blog sem a respectiva autoria ou link... passei-me... outra vez houve que reconheci outros textos de outros blogs, e na caixa de comentários pus o link para a origem; e doutra vez ainda vi numa dessas páginas textos  duma blogger que adoro ler e avisei-a, e hoje até falamos e trocamos mensagens, conhecemo-nos por causa desse episódio. Detesto realmente estas cenas tristes... No teu caso, soube-o mas nada fiz, nem podia, mas no que eu puder evitar, ou repôr a justiça das autorias, farei.  Bem sei que não mudo o mundo, mas pronto... apedrejem-me.

Acerca disto devo ainda dizer  que eu (quem é de facto a Eva da vida real) também não partilho links do teu blog no facebook sítio onde tenho contactos desde profissionais a pessoais, mas também não copio ( mas copio aqui no blog - e muito - e sempre com a autoria e respectivo link, tudo o que não tem autoria é meu mesmo), e já recomendei a viva voz o teu blog a vários amig@s, aqueles que me conhecem e sei que podem apreciar a extraordinária escrita e reflexões várias que me fazem ler-te amiúde.

(adoro estas rosinhas, são lindas e cheiram tão bem!!.. 
vamos lá animar o dia depois deste interregno silencioso...)

Bom Dia!

17 outubro 2014

[foto de Andy Lee]

"Há séculos que te esperava para fugirmos. E não sabia
que a fuga era possível, pelas estradas de giestas em
direcção ao mar. Dorme, e consente que o meu coração
escute o teu. Quero arder contigo, nesta eternidade feita
de pontes atravessadas, kms nocturnos e segundos de asfalto."

Al Berto

Não sei o que é isso da espera quando já não se olha a porta, quando a janela já não nos espreita, quando já nos fecharam todas as portas e sumiram a luz das janelas.
Já não sei do tempo que passou, nem se passa. Não o sinto, nada muda. Tempo que é tempo sente-se no que muda.
Não sei o que é isso das estradas e das fugas, porque os caminhos somos nós e nunca sabemos fugir de nós, mesmo que se finja. Não há caminho para fora de nós por muitos atalhos que enveredemos.
Não há pontes que atravessemos sem nos levarmos dentro. Por muitas pontes que se queimem, o que nos queima continua a queimar, o que nos gela continua a gelar-nos.
Por kilometros que se façam, a paisagem que levamos dentro não altera a paisagem de fora, por muito que ela mude e o tempo passe.
A luz que falta, a porta fechada, o ecrã vazio e silêncio mudo de afectos.
...hoje estou assim: no cinzento das certezas duras que não se duvidam, ainda que não se saibam. 
Não sei explicar, não consigo explicar, e se conseguisse de nada valeria porque há coisas que não vão lá com explicações. Sabem-se - sem qualquer explicação - como se ama sem razão, ninguém entende e não se explica. Tal como não se explica que hoje tenha sonhado durante a noite alguma coisa que me deixou a boca com esta frase dentro "...mais uma vez tinha razão...", como sempre aliás... o começo duma conversa que já acabou. Um diálogo que na verdade nunca começou. Um diálogo são duas pessoas, eu nunca saí do monólogo partilhado com o silêncio. 
Hoje estou mais cinzenta que o tempo, uma cor fechada, trancada por dentro, e sim, claro, para mim  tudo é simples, tudo é fácil, engano-me poucas vezes e aguento sempre tudo... aliás "... ela também já está à espera...." frases que a noite me deixou e eu quero engolir e esquecer e arrumar e enterrar. 
Precisava que hoje o fim do dia me acolhesse em casa com carinho, com mimo, com a ternura por que grito por dentro, com doçura e descanso.
Estou tão cansada. Há tanto tempo que preciso dos fins de tarde bons, sem medo do amanhã, sem medo de amanhã não ter colo, de o mimo se desfazer e a doçura me fugir.
E os hojes vão-se sempre embora rápido e deixam-me sempre sozinha.
Estou já tão cansada e ainda agora o hoje nem a meio vai.

Bom Dia



[foto de Daiga Atvare]

Tocas-me?

(que belas sinfonias os silêncios tocavam se nos tocávamos, sem pautas, sem maestro, na espontaneidade da música dum riso, duma gargalhada, dum olhar traquina de malandro, ou tão profundo de se ler a beijos que engolem a alma.
Agora o silêncio é vazio, remediado com recordações que não se querem. Pautas que nunca foram escritas, mas que se me gravaram na pele, não há maneira de as apagar, queimar, ou dar a alguém que mas toque para fingir que és tu que me tocas.)

Boa Noite

16 outubro 2014


"O que me trava a vida é o medo.
Acabei de ter essa certeza.
Quem me pode salvar?"

Roubado ao Dias Cães.



O meu medo a mim não me trava,
mas não me deixa andar o medo alheio.

Trava-me as pernas
ainda que o medo de andar não seja meu.

Doença alheia, tua, 
mas dor própria, minha.

E eu, a cura da doença que te tem
que só a mim me dói.

Tu não és cura para doença minha,
tu és a doença para a minha cura,
a doença tua que a mim me dói.
Se te curo não me dói.
... Bom dia!

15 outubro 2014

.........ahhhhhh coisaboaaaaaa......
... Coisa muito boa!!
Um dia vou voltar a saber o que isto é... Um dia...um bom dia...
Entretanto...

Boa noite.

Não me digas a que vens
Deixa-me adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou.

É longe a tua casa?
Dou-te a minha:
leio nos teus olhos o cansaço do dia que te venceu;
e, no teu rosto, as sombras contam-me o resto da viagem.

Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo — é um
destino sem dor e sem memória. Tens

sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja — morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens.
Decido eu


Maria do Rosário Pedreira



[não me digas ao que vens, que não te creio.
Não me digas quem és, se te sei.
Sei-te e não te creio quando creio que te sei.
Não sei se te sabes se não me crês.
E não nos crês quando nos sabes.
Sabes que nos queremos.
E no entanto não queres crer.]


Bom Dia!!
.... Estou exausta e mole por dentro.
Cheias de palavras novas que vou adormecer calada.

Boa noite.

13 outubro 2014

E por hoje já chega... 
Vou despir o dia com a roupa e vestir nua a noite.

Boa noite.

12 outubro 2014


... Bem sei que te deixei abandonado por uns dias, mas abandonei-me a mim e a tantas coisas que não queria ter de me dedicar. Regresso agora, como regresso sempre aos livros, para mergulhar em vidas que dêem vida... Julio sou tua na próxima hora. Logo a seguir ao café.
(E olha que não digo isto a ninguém... E se disser não é com prazos... É dizer apenas: sou tua. Apenas.)
.... Dia de ronha, cinzento por fora da janela, quente por dentro dos lençóis. Acordar, ouvir a dança dos pingos de chuva nas goteiras, a baterem e escorregarem pelos vidros, dar uma espreitadela no livro, voltar a fechar a luz e dormir mais um tanto. Tentar parar a cabeça que quer começar o seu carrossel diário, puxar os cobertores e fechar os olhos bem fundo da realidade. Dormir mais um bocadinho e acordar com fome mas sem vontade de nada. Mas há que levantar, arranjar e ir tomar um café neste Outono que me aquece a nostalgia. Sozinha. E hoje era mesmo sozinha que me apetecia. Por enquanto sofá e manta...
Bom dia!

..ora isto é que era uma boa ideia...
económica, ecológica e até bastante lógica!!
Sim senhor!!
Aprovadíssima a ideia!!... se forem os braços certos, claro!
Um dia ainda os encontro...

Boa Noite

11 outubro 2014


E hoje as estrelas taparam-se. Estão lá, intactas, por trás das nuvens. Mas sei que estão.
Boa noite a todos os que me lêem... 

09 outubro 2014

O cansaço entranhado no olhar,
amarga a língua de tanta ferida lamber
Cheiro a desamor a afundar os pulmões
Oiço o dia acabar depois do silêncio
Liquidos os ossos às mãos dos movimentos do dia
Ou da memória das noites
Falidos os sentidos
O fim do dia depois do meu fim
Um amanhã que começa antes de uma manhã me começar
Acordarei
Mas adormecida continuarei.

Boa noite

08 outubro 2014


E não me sentir sozinha. Só. Cheia de solidão por dentro.
...jura??
Mas olha um toyota também anda.
E leva-nos onde queremos ir, não como queremos ir, mas chegamos lá.
Estou sem pachorra... é o que é... Já chega por hoje de gente doida.

...parece que o Outono se instalou...
mas infelizmente não da mesma maneira para todos.
Gosto do Outono, gosto muito, é muito o meu género de evocação melancólica, dos fins de semana passados à lareira com a chuvinha do lado de fora da janela, com uma chávena de chá, enrolada numa manta e presa a um livro, ou a qualquer coisa que me agarre... e passar assim o dia, ganhando-o na calma dum silêncio que não perturba, que a chuva a bater na janela e a meia luz engrandece e adoça.

Boa Tarde


"Só gostamos de uma mulher quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a bebê-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu cheiro não conseguimos amá-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos, companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transportá-lo para dentro de nós."
João Morgado, in Diário dos Infiéis 

[... A alma tem cheiro? Será que a pele cheira o que a alma transpira?]

Boa Noite


07 outubro 2014

Não sou de ter medo, mas tive uma sensação estranha... e depois de receber meia dúzia de mensagens, em que uma das últimas era que me iria "cativar" mas não seria por ali, bloqueei a criatura. E não gosto da sensação que tive. Mesmo nada. Realmente às vezes há perigos de que não nos apercebemos ou pensamos. E de repente ficamos com um frio na barriga. E não é bom. Há pessoas estranhas de facto.

... e hoje lembrei-me desta música, melhor, desta letra a meio duma conversa...
adoro, tão doce, tão lindaaa...
Tropecei agora nesta fotografia, numa publicidade a uma marca de cosmética... a sério ninguém merece... e também não vale a pena comprar os produtos que não fico assim, não há milagres...
Mas quando for grande gostava de ser assim.
O mocinho dela também não me importava nada de herdar.
Pronto, era isto.

Bom Dia!

Boa Noite


06 outubro 2014


...pois!!!


"O fim de qualquer Amor é uma despensa.
A minha máquina de café avariou-se. Preocupa-me metê-la no lixo, tanto por causa do seu valor comercial como pela ligação emocional que lhe tenho (sim, é possível ter uma ligação emocional com um objeto). Arrumo-a na despensa, onde todas essas preocupações vão morrendo devagar e, muito provavelmente, levo-a para o lixo daqui a um ano ou dois. Nessa altura já não me vai custar nada, porque entretanto deixou de fazer parte da minha vida.(...)"
Do Bagaço.

Parece-me que também vou tendo e mantendo uma despensa... nunca tinha pensado nisto assim, mas é bem verdade, há um intervalo de tempo em que mantemos as coisas perto apenas para o choque de as ter longe não ser tão brutal, mas é um espaço para onde só entram quando vão sair, parece-me.

Bom Dia



A poesia vinda daqui não será grande coisa, mas o acolhimento do sorriso será melhor. Muito melhor.
E mesmo sem saudades os abraços abraçam-se sempre que s pode. Com saudades então nem há vontade de desgrudar.
Mas não troco amores partidos porque não quero que ninguém fique com eles, doem muito, mas deixo - é até recompenso com beijinhos, parvoeiras várias e uma variedade de coisas perfeitamente inúteis - que me colem os pedaços com criatividade e ainda mais paciência para que se faça um amor novo, inteiro, sem pedaços. A não ser um bom pedaço de mau caminho, aí faço essa excepção, de resto, com pedaços nem os iogurtes, obrigado.

Boa noite

05 outubro 2014


... Que bom, que notícia boa. Fico feliz, espero que continuem a fazerem-se felizes um ao outro, e que o teu riso continue gaiato e genuíno, que nada mude, mas que tudo vá mudando para melhor, acompanhando o tempo e os tempos, e que eu continue a ver-te feliz e de sorriso inspirador aqui desta plateia onde torço por ti tanto e sempre.
Que ver a felicidade de quem gosto me faça acreditar que algures na vida eu também vou conseguir ser feliz com alguém, e que entretanto a felicidade de quem gosto me vá pondo um sorriso sentido no rosto e me levante a alma para um horizonte onde possa ser eu plena e de alguém que me queira inteira para conseguir ser feliz. Como te vejo. 
Gostava que todos os que gosto se arranjassem, fossem felizes, não houvesse angústias nem pessoas a sofrer porque a vida não os fez cruzarem-se com o que querem. Gostava. E fico feliz de cada vez que percebo que alguém que gosto está feliz e encontrou o seu caminho, aquele que quer percorrer. Que sente certo e seu. Fico, enche-me a alma, nasce-me um sorriso dos escombros mais negros. Mas fico sempre a pensar onde será que errei tanto que não me acontece o mesmo, ou será que já aconteceu e eu perdi a oportunidade, perdi o comboio e agora o destino foi-se. Outras vezes dou por mim a pensar que devo ter sido feita para estar sozinha, e que tenho de me contentar com a felicidade através de quem gosto e mais nada. Talvez não tenha nascido para fazer alguém feliz e ser feliz com isso. Talvez. Mas sei, sinto, que para me sentir feliz e bem preciso de alguém ao meu lado, preciso da partilha, do apoio, do cuidado mútuo. Preciso de dar e sentir que dou o que querem e gostam, e isso faz-me bem, e preciso que queiram dar, que se queiram dar para se sentirem felizes também. A minha felicidade, ainda que minha, tem de passar por mais alguém, pelos que gosto e me emprestam a felicidade deles quando os vejo felizes, e por alguém com quem construa um mundo, uma unidade a dois, alguém acima do resto de todos os que quero bem. Alguém que se faça parte de mim e me torne parte dele. Isto parece uma coisa séria, e é, mas que só se faz se se brincar, se brincarmos da mesma maneira, a falar ou a tocar,  a beijar e a abraçar, só se faz se confiarmos, se nos mostrarmos sem medo, se conhecermos o outro para falar sério e para brincar. Só assim há intimidade para todos os cantos da vida. Se calhar o segredo é esse. 
 Ando a precisar de brincar a sério, e de mimo a sério, e de amor a sério. A sério. Não estou a brincar

Mario Benedetti

Auto defesa, sobrevivência do viver, vontade de vida a correr nas veias... Ou só estupidez perfeita. 
Várias receitas uma só cura.

Bom dia

03 outubro 2014


 - Quando é que foges comigo??

- Quando me quiseres.
Quando quiseres ir comigo e vir comigo, quando quiseres regressar a casa comigo, quando quiseres adormecer comigo e ver-me descabelada a acordar, quando tiveres a certeza que me queres, quando não me vieres com desculpas e números esfarrapados, quando quiseres namorar comigo, rir comigo, barafustar comigo e fazer as pazes comigo, quando quiseres ser teimoso comigo mas saberes que eu tenho razão sempre e reconheceres que eu não sou teimosa, quando quiseres dizer parvoeiras e ouvir as minhas frases tão acertadas e ajuizadas em resposta, quando achares que não te cansas de mim, e quando te cansares de me dizer que me vou cansar de ti, quando arranjares um bocadinho para escaparmos ao mundo e ficarmos só nós dois para depois voltarmos e nos misturarmos no mundo os dois, fazendo ainda assim um mundo dentro doutro.
Quando o teu dia começar com um beijo de bom dia que te arranco e acabar com um beijo de boa noite que me dás...... Vê lá na tua agenda para quando é....depois avisa que eu confiro a minha!!