"Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
essa perna é tua?, esse braço?,
subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre."
Eugenio de Andrade
[..só não acho que o amor não seja fácil. Não há nada mais fácil que o amor, sente-se e pronto, não se faz nada para sentir, nem sequer pode haver esforço nisso, é e pronto. O amor é fácil, a relação é que pode não ser; e não raramente a nossa própria relação com o amor, e com o que sentimos, não é pacífica, principalmente quando o tentamos contrariar, quando nos tentamos contrariar... porque se o que sentimos não se controla, tentar contrariar é só frustrarmo-nos... e isso é que nunca é fácil... ]