Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

21 março 2015

(foto @vorosmate)
Não gosto dos fins de semana em que já sei que não tenho pelo menos um dia para mim, sem nada marcado, sem horas a cumprir, onde o dia corre ao nosso ritmo e do que queremos. Se quisermos combinar alguma coisa combina-se no dia, se apetecer, mas se a ronha estiver mais apetecível, fica-se no sofá enrolada numa manta com um livro e um chá, ou sai-se sem destino marcado, numa volta que se vai fazendo ao sabor do momento e da vontade de passeio. Fim de semana sem esta liberdade de não fazer nada - ou de escolher o que não fazer, se calhar... deixa-me um bocadinho neura, como se entre duas semanas houvesse mais uma semana mais curta, mas onde o tempo não é meu para decidir.... 
Bom Dia.

Hoje, em diferentes momentos do dia, a memória rasgou-me os pensamentos uteis de quem quer esquecer o que mais ninguém lembra. De manhã lembrei-me, sem descortinar o porquê, dos pequenos grandes terramotos que me vinham morrer nos braços e que tremem agora longe da minha pele. Já não os sei, perderam-se no tempo das memórias que quero desbotadas e enterradas por me incendiarem a raiva que dói por dentro - raiva de mim mesma, misturada com mágoa que retorce as entranhas. Depois, ao fim do dia, ao olhar para as minhas próprias mãos a navegar desertos de afecto, quase consegui ouvir outra vez quando me disseram que a maneira como toco seria bastante para me reconhecer, às escuras ou de olhos fechados. Sem me verem, viam-me nas pontas dos meus dedos. Agora, mesmo que me vissem, nada lhes toca o olhar que sente de olhos fechados e às escuras. Nada lhes treme. Por mim. A mim, mesmo às escuras nada me aquieta este olhar que os olhos tentam fechar.

Boa noite