Irrita-me. Irrita-me eu preocupar-me, irrita-me eu querer saber. Irrita-me eu saber que amo alguém pelo melhor que tem, mais ainda, que esse melhor esteja fechado numa gaveta e nunca respire o ar do mundo. Irrita-me eu estar fechada com essa gaveta. Irrita-me saber que o melhor de nada serve fechado. Irrita-me saber que se ama alguém mais pelo que esse alguém deseja ser e sonha, do que pelo concretiza. Irrita-me saber que as pessoas são, verdadeiramente, muito mais os seus desejos e sonhos, do que o caminho que falta andar para que os fazer chegar à luz do mundo. Irrita-me saber que é isso que as identifica e não o que fazem com isso. Irrita-me que se escolha um fato cheio de mundo para esconder o que guardamos na nossa melhor gaveta, por medo de ser quem realmente somos, e desperdiçarmo-nos a ser quem não somos, nem queremos ser, com medo de quem nos podemos tornar sendo nós mesmos.
Irrita-me. Irrita-me que tenha de me levantar para escrever isto tudo que me aparece na cabeça com vontade própria de sair pelos dedos em letras. Irrita-me que ninguém o entenda. Irrita-me que este fato, com que visto a alma de mundo, não sirva a ninguém. Irrita-me tudo isto me irritar. Estou irritada, pronto.
(isto não deve fazer sentido nenhum, mas às escuras e a esta hora fica assim mesmo, não é para entender mesmo...)