Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

04 fevereiro 2012

Estou cansada. Não do corpo, não das horas, não do tempo lá fora que agita o que não mexe. Estou cansada da luz e da escuridão, nem na penumbra me sinto mais, nem na sombra me refugio da luz. Estou cansada de me ver ao espelho, de ver sempre o mesmo, de nada me dizer, apenas uma imagem a duas dimensões onde eu não caibo. Duas faces duma moeda que não é minha, onde só uma vê a luz do dia a outra é enterrada na superficie fria onde me poisam de castigo, virada para a parede. Estou cansada de ver o vazio do espelho antes do mundo, e depois à noite de me despedir do mundo. Estou cansada de nada encher, do frio que não aquece, do vazio que não preenche, estou cansada de me ver e de me ter, se nem me tenho, se nem me sei. Não sei por onde ando nem por onde me perdi, se me perdi, nem se me quero encontrar para lá das duas dimensões onde não caibo. Onde não estou.