Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 junho 2015


"O toque da mulher que se Ama é um sopro num balão, sendo que o balão somos nós, os tocados. Ficamos cheios de qualquer coisa que não sabemos muito bem o que é, mas que nos torna mais leves, às vezes com capacidade de esvoaçar.
Entre dois toques vamos esvaziando rumo ao estado murcho que nos torna intocados tristes. As mulheres sabem, mas fingem não saber, que os homens são assim. Jogam com eles o jogo do toque como se joga com um brinquedo qualquer.
Uma mão dada enche-nos o suficiente para alguns minutos, um beijo para algumas horas e o sexo todo para alguns dias. É o sexo todo que almejamos quando nos dão a mão, como um balão que precisa de vários sopros seguidos, cada vez mais fortes.
Estes sopros estão para nós como a respiração boca-a-boca para alguém que está quase a morrer. Salvem-nos a vida, por favor. A morrer, que seja por rebentar e não por ficar murcho.
Nenhuma mulher devia dizer adeus ao homem que a Ama sem lhe dar um abraço também; nenhuma mulher devia despachar o homem que a Ama com um "vai-te, vai-te que eu estou com pressa", sem um beijo na boca em que o tempo não conte; nenhuma mulher devia virar costas a um homem sem um "apalpanço" no rabo ou uma língua húmida na face. 

O toque da mulher que se Ama é o princípio da vida. O contrário é a morte."


["o contrário é a morte." - o contrário será a mulher que se ama não tocar, ou ser tocado por uma que não se ama??... fiquei com esta dúvida. De o toque ser o principio de vida, diziam-me que sim, qualquer coisa do género, de que bastava um dedo, um toque, o sentir a pele, como algo indescritível - talvez por isso nunca tenha conseguido perceber o que realmente era, o que seria esse toque. Obviamente não era o da mulher amada, ou a sua falta seria a morte, ou outros toques, seriam a morte. E vive, ainda, e muito bem.

E é bom saber isso, eu saber isso.]