Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

13 julho 2015


"Repara que é daqui que nasce o medo.
E se alguém te faz sentir mais forte?
E se alguém, que já houve, te torna mais forte?
E se alguém, por te tornar mais forte, me torna mais fraco?
Foda-se, e se alguém te faz querer gritar? Como tu me fizeste querer berrar por ti em todos os cantos do mundo."

O miúdo a costurar o medo do medo.

Este é um medo que entendo.
É um medo que tenho se amo.
É um medo que quem sempre disse ter medo de tudo nunca teve. 
Talvez para ter este medo seja preciso querer gritar pelo outro, num grito que nasce bem dentro do peito, onde guardamos quem queremos, quem precisamos sentir perto, quem queremos agarrar no silêncio do berro que calamos por medo, quem abraçamos no vazio que o desespero enche por medo de um dia não mais abraçar, não mais poder gritar, não mais ter medo de perder, por já tudo estar perdido. Por haver naquele peito a vontade do grito por outro alguém que o faça mais e melhor.

apaixonar-me.
afogar-me de paixão na boca que me incendeia,
arder com a poesia dos sentidos
sussurrada quente ao ouvido,
que, devagarinho, nos rosna o prazer 
e com pressa nos morde o desejo 

O beijo que nos engole, 
o toque que nos arrepia, 
a invasão que se recebe como abrigo,
a intrusão que se consente ser casa,
que se quer urgente, 
que se pede com os olhos, com as mãos, 
com as unhas cravadas na pele.

A vontade faminta que nos desperta todas as camadas de ser, de sentir, 
que nos engole em bruto e nos deixa a pingar a essência finamente lapidada 
do amar amar quem se ama com paixão.

[apaixonar-me, era bom poder pedir... quero uma paixão se faz favor! Quente, doce, bem humorada, sem cerimónias, que me desalente e me dê a mão.
Era bom poder pedir... e despedir também. Despedir uma paixão, despedir-se sem paixão, despedir-se, e com o adeus ir tudo, mergulhar tudo numa escuridão onde o oxigénio não respira, e nós, logo de seguida, enchamos o peito vazio de ar puro. Era bom poder pedir, era bom... mas aos bocadinhos o ar puro vai-nos chegando, e a paixão -  quem sabe - há-de chegar de repente e fechar atrás de si, com estrondo, a porta do passado.] 
Ora então Bom Dia!!
Para alguns há-de ser, pois... gente atrevida (e com piada, senão não tem graça, claro)...
eheheheh



O sono não aparece e uma pessoa poe-se a ver fotografias na net. De repente dá-se com isto, e então percebe nitidamente que era ali que lhe apetecia estar, que já se jantava outra vez, que a luz das velas é coisa que gosto e me relaxa, percebo também que o numero de lugares é demais para este lugar, não é coisa para jantares em grupo, ou eu não seria o que escolheria. Por mim seria só eu, alguém que me faça rir, que tenha um brilho no olhar quando o deixa poisar em mim e ficar, alguém, que com um céu enorme e estrelado por cima de nós, procure as estrelas nos meus olhos, alguém que tenha um nervosito miudinho para acabar o jantar para ir comer, alguém que queira adormecer a contar as estrelas comigo enquanto me entrego ao seu colo e à ternura do beijo de boa noite poisado com doçura na testa, quando as estrelas já me venceram na contagem. Alguém que me faça especial. Só alguém que valha muito a pena o conseguirá fazer, e isso resolve tudo.
 Isto sim era uma boa noite. Em que a falta de sono não atrapalhava nada e onde não me dedicaria a ver coisas na net... Bahhh 
(Foto @milad_rahimi.94)

"Não sei o que me aconteceu para ficar tão triste.
Lembro-me de ter percorrido meio mundo à procura de imagens.
Tinham- me dito: é no movimento incessante de quem viaja que encontrarás a imobilidade que desejas.

Mas eu não sabia para onde ir.
Deambulei anos a fio, e nunca encontrei as imagens
que queria. Gastei as parcas forças que tinha neste trabalho,
até que um dia me perdi junto ao mar.

Resolvi construir, ali mesmo, uma casa.
(...)
Algum tempo depois, a casa transformou-se subitamente em prisão.

E talvez tenha sido isso que me pôs, assim, triste para sempre.
Custava-me a crer que aquilo que eu próprio construíra acabasse de me atraiçoar."
(...)

Al Berto, "O Esconderijo do Homem Triste"

[Somos nós que construímos as nossas próprias prisões. E só nós podemos desconstrui-las, libertar-nos delas, para voltarmos a ser nós. 
Às vezes temos de mudar para continuarmos a ser nós, para sermos fiéis ao que somos, à nossa essência.]

Boa Noite