Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

04 maio 2013


"(...) As mulheres são um cheiro. É pelo cheiro que as catalogamos no íntimo arquivo dos desejos. A que cheira uma mulher? – perguntou-me um dia a Diana. Uma rosa cheira a rosa. Um cravo cheira a cravo. Não sei a que cheira uma orquídea. Mas sei que todas as orquídeas cheiram igual, respondi. Já as mulheres, nenhuma repete o cheiro. As que nos refrescam têm cheiro de rio, as que nos enchem têm cheiro de mar. Todas as mulheres têm um cheiro húmido. Como a boca. Como o sexo. Só gostamos de uma mulher quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a bebe-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu cheiro não conseguimos ama-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos, companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transporta-lo para dentro de nós. Amamos uma mulher quando cheiramos ao seu cheiro..."

JOÃO MORGADO, in DIÁRIO DOS INFIÉIS

[a que será que eu cheiro? se calhar não cheiro, deve ser isso...]
"- Então vais jantar sozinha? Anda lá, vem jantar connosco!!
- Vou. Eu sou sozinha. "
(saiu-me sem pensar, mas mesmo pensando é assim. E não tem mal nenhum. Eu, um prato e um copo de vinho, podia ser pior. Podia ter que estar acompanhada de quem não me tira da solidão. Fazer número é coisa que não me interessa: nem de fazer, nem de estar com quem faz. O mal nunca é estar sozinho é sentirmo-nos sós.)