Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

29 julho 2012


Posso ocupar a cabeça, posso-me rodear das pessoas que gosto, que gostam de mim, posso-me rir e sorrir, posso até chegar a sorrir por dentro, que isso não te afasta. Para onde vou e como estou, tu parece que vais e estás. Mesmo que te queira deixar ficar, mesmo que te queira despejar num qualquer canto, desencanto-te em todos os cantos por onde passo, estás no fim dos meus sorrisos e na vontade de os ver em ti. Posso enganar-me, ou tentar, quanto quiser, mas nunca o suficiente para te achar longe de mim, afastada de ti, porque te acho sempre em mim, mesmo que ache que em ti não estou. Mas a verdade é que sou assim, não o dizer não o modifica, não me torna mais forte, se a verdade é essa, essa é a minha fraqueza, disfarçá-la não é força, é só mais fraqueza, mais medo não sei de quê, e talvez dizendo-o, repetindo-o, se consiga ir gastando a verdade por cansaço. A verdade é que sou assim de sentir e dizer, mesmo que o faça tantas vezes só assim, ainda que o faça tantas vezes só para mim. A verdade é que tenho saudades, mesmo que as tente afastar de mim, a verdade é que saber que não as sentes não me consegue fazer apagá-las de mim. A verdade é que ser estúpida e negá-lo até à morte não me faz menos estúpida, mas apenas melhor actriz, e as actrizes trabalham para um público. Eu não quero saber de públicos, nunca quis. A verdade, é que tudo seria simples se pudéssemos mandar naquilo que sentimos e queremos, mas não podemos. A verdade é que tenho saudades, e não chego a perceber porquê, porque levo-te a passear a todo o lado que vou.
Boa Noite.