Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

19 abril 2015

"Eu cá sou bom, sou muito bom, sou sempre a abrir..."

Acabei de ouvir na rádio. Os cabrões dos sorrisos deviam ser disciplinados, nem que fosse à reguada... Ouvi isto e pus-me a sorrir. Os pensamentos, em uníssono, passaram a envolver uns certos boxers e outros tantos risos e muita parvoeira... Dêem-me uma régua que eu preciso de educar esta cabeça e os cabrões dos sorrisos selvagens... Ainda me pairam nos lábios e já não há nada da música, nem sequer da indumentária... Há urgência de outros novos sorrisos, parvoeiras, músicas e de esculpir na pele e no seu avesso outras memórias. 

Café e uma réstia de sol...
Acordei durante a noite, umas duas ou três vezes, a chorar com um sonho que não me largava. Até a dormir a morte não me larga nem morre, não se enterra de vez. E era isso mesmo: enterrar a morte. Deixá-la num sítio, longe, onde se possa não ir. Caixão aberto há dias, a cor da morte, marmórea, a envelhecer, a desbotar, apodrecida. E eu só dizia que temos de fechar o caixão e enterrar, deixar a morte morrer, e não definhar-nos. E chorava, e acordava, e adormecia e tudo na mesma. Finalmente resolvi não dormir mais e fiquei a pensar no sonho. Temos de deixar a morte morrer, enterrá-la num sítio onde possamos escolher não ir; senão a morte, todas as mortes, acabam por apodrecer-nos, de dentro para fora. Fiquei a pensar que há mortes que não consigo enterrar longe, enterraram-se-me por baixo da pele, das unhas que esgravatam a vida, e mortas, definham lentamente toda a vida. A que ainda há, a que houve, e a que posso ainda vir a ter e viver. Tenho de matar estas mortes e enterrá-las longe de mim, deixar ficar a vida que tiveram, que a morte pode levar, mas assim, com cores, com vida, não definhando em agonia os dias e as noites, e tudo o que podia brilhar no olhar posto no horizonte. Há mortes que tenho de enterrar de vez e desenterrar da pele. 

Será??
Não me parece...
(até porque seria um desperdício ser só um... 
com uma desculpa tão boa para gastar a boca a beijos...)

Boa Noite