Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

15 dezembro 2014

[...pelo menos.]

"O fato é que muita gente já morreu alguma vez e nunca desconfiou disso. Inclusive você, não obstante eu. Porque a gente morre quando levanta da cama e já corre para olhar o celular. Morre de monotonia, de inércia, de marasmo, de falta de sonhos e de sonhos não realizados. A gente morre de medo de por o dedo em riste na cara do próprio medo e de pegar a coragem e seguir caminhando.

Morremos de medo de trocar hábitos, de mudar de ideias, convicções, de ver as coisas por outra perspectiva e damos um repeat automático nos comportamentos viciados e ranzinzas. Morremos de medo de olhar para o espelho da consciência e encarar os olhos nada atrativos das verdades de nossa alma, pois os reflexos geralmente são indigestos e desagradáveis. Morremos de medo de colocar em pratos limpos as mazelas de uma relação corroída, mas sustentada, apesar do visível desgaste, devido à insistência do amor que já não é mais o mesmo, mas que poderia voltar a ser ainda melhor se fossemos viscerais e honestos com nós mesmo e com o outro. Morremos na reincidência infinita de conhecidos ranços e defeitos, dos outros, e nossos. Morremos quando não somos coerentes com o que sentimos.
(...)
Na verdade, vivemos cercados de óbitos commoditizados, sem cara nem desejos. E não sabemos de que forma sair de tão grande e paraplégica falta de competência de atitudes. Morremos de frio na alma e de falta de verdades. De amor encoberto e não depurado pela falta de coragem e por excesso de orgulho. De afeto endurecido e estancado. De gentileza não manifestada numa fala que deveria ser doce. Morremos de egoísmo e de falta de sensibilidade. Morremos de silêncios e escapismos. (...) Morre também quem permite que a paixão morra no sexo e que faz amor fingindo prazer, como quem come um mil folhas com o nariz completamente entupido. (...) Urgente! É preciso ter coragem e força de personalidade para olhar para dentro de si e, identificar essas pequenas mortes diárias. Fazer delas o combustível para catarses existenciais que melhorem cada um como ser humano. Que nos possibilite ver e ter uma vida com mais honestidade, ética, sensibilidade, poesia, densidade e amor".


[...é preciso tão pouco para ganhar o dia... e tão pouco para perdê-lo. Basta um olhar para ganhá-lo, ou perdê-lo.]

...deve ser o que estou a precisar...
...sinto a cabeça vazia (sim, é normal, já sei...) 
e à roda ( e não, não bebi nada com álcool, se bem que a ideia é tentadora, muito tentadora...)...
É certo que só fui almoçar, vulgo um folhado e um sumo (sim, sim, foi mesmo sumo)  às três e meia da tarde,
mas não sei se o problema será esse...
O meu único pedido é que se cair para o lado me arranjam um mocinho jeitoso, alto e espadaúdo que me leve a casa e me deposite no leito. Qualquer coisa menos que isso, não quero, e recuso-me a cair para o lado... enquanto puder, pelo menos.
A única vez que caí para o lado, acordar foi uma sensação muito boa, não me importava nada de repetir... mas nem vale a pena pensar nesse acordar, vou pensar é em ir emborcar um café, e ver se a cabeça deixa de rodar, irra!!

(isto anda tudo um bocado maluco, mas pronto, é o que se arranja por aqui, estou farta de tudo, mesmo. Há que animar as hostes, e ainda não é hora de beber uns copos, por isso, só com parvoeiras mesmo... e uma cabeça à roda...)

eheheheheh
... é uma maneira de ver as coisas!!
torna o cônjuge/respectivo uma espécie de meia de lã que aquece os pés...
...e hoje isto está demais de frio!!
está, está!!
...dava jeito assim uma meia quentinha... dava, dava

Bom Dia



"Entender e aceitar todas as dores da existência dá muito trabalho. Pensar resulta em incertezas, falta de respostas e consequentemente em angústias. Quem sofre com tudo isso é a psique, que de tão atormentada, pode posteriormente afetar o comportamento e a personalidade. Nietzsche diz enxergar a vida de forma tão profunda que se sente completamente sozinho. Com quem ele discutiria suas questões provenientes de uma visão tão reflexiva sobre a vida? Quem não tem esse mesmo nível de profundidade também não tem capacidade de viver com pessoas como Nietzsche.(...)
Tendo em vista pessoas pensantes como Nietzsche, é possível fazer uma relação com a sociedade pós-moderna, permeada por indivíduos que tem extrema dificuldade de ficarem completamente sozinhos. Hoje, com o avanço tecnológico, as pessoas tem o costume de estarem 24h por dia conectadas e em momentos em que seria essencial a solidão para reflexão, rapidamente recorrem a um aparato tecnológico, uma mensagem a um amigo ou uma foto que consiga likes o suficiente com o objetivo de suprir essa carência e mal-estar. Estar realmente sozinho chega a ser uma raridade de poucos atualmente.
Essas pessoas que dificilmente tem um momento de reflexão solitário, diferente dos Nietzsches, parecem ser mais leves, despreocupadas e até mais felizes - talvez por mascararem suas angústias ou simplesmente por nunca terem se deparado com elas. Refletir sempre vai resultar em dor e descontentamento. Quem pensa, se dá conta de que muita coisa na vida não tem sentido nenhum e pensar mais e mais pode só aumentar a agonia. É por esse motivo que os Nietzsches que andam por aí muitas vezes são vistos como pessoas amarguradas e estranhas. Na verdade, encarar as verdades da vida torna esses indivíduos mais críticos, pois continuam numa busca incessante por respostas que podem nunca alcançar. Dessa forma, se isolam da maioria por se sentirem completamente incompreendidos e desencaixados num mundo onde parece que ninguém os acompanha."

© obvious

...pois, ter demasiadas perguntas não é nada cómodo, não. Mas suponho que até isso poucos entendem de tantas respostas que têm. E sim, acho que as pessoas têm de ter níveis de profundidade parecidos para falarem a mesma língua e se entenderem no mesmo comprimento de onda de vida. 

[e não, não me estou a comparar aos "Nietzsches" de que o texto fala, apenas sei - e dizem-mo muitas vezes... -  que tenho muitas perguntas, e que penso muito sobre coisas demais, ou penso demais sobre muitas coisas, e isso de facto, se não o soubermos compartimentar e dosear no tempo, cria algum distanciamento de maior parte das pessoas, que não têm tantas perguntas nem gosto pelas interrogações, pela busca da verdade mais próxima... sim, como alguém me apelidou, eu sou um ponto de interrogação ambulante, mas vou andando assim, contribuindo para as minhas respostas e para novas perguntas... porque às vezes as novas perguntas respondem a alguma coisa das perguntas antigas, mas é preciso querer ver.
Algumas perguntas, se não são respostas completas e inteiras, acabadas, são contributos importantes que nos apontam uma direcção... é um caminho incerto, não é uma resposta certa. Mas também podemos dizer muito das pessoas pelas perguntas que fazem. E tanto, tanto, pelo que nunca perguntam, ou ao que fecham os olhos sabendo.]



Muitas pessoas confundem sexo com intimidade.
Há casais que vivem ‘juntos’ durante décadas, ‘dividem’ a mesma cama, fazem sexo diariamente e não são íntimos.
No entanto, há pessoas que se encontram por alguns minutos, trocam um olhar e, sem mesmo se ‘despirem’ ou ‘tocarem’, criam uma relação de intimidade.
Viver junto, não é morar na mesma casa.
Dividir não é partir ao meio.
Despir-se não é tirar a roupa.
Tocar-se não é encostar um corpo no outro.
Quando somos íntimos.
Mesmo com roupas, estamos despidos.
Mesmo à distância, estamos unidos.

Catarina Castro

[E é isto. Mesmo. Intimidade, cumplicidade, partilha, sentir-se perto, trocarem-se e tocarem-se num olhar que fala onde as palavras apenas ouvem onde não conseguem chegar. É encontrar no outro o caminho para aquela parte de nós que sozinhos não habitamos. E a paz que esta plenitude namora. ]

Boa Noite