Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

18 outubro 2015

(Roubado @algumfrancisco)

...fechados.

Boa Noite
Há qualquer coisa de belo na força. Talvez, aliás, toda a beleza esteja na força: na força da natureza, na força de carácter, na força de vontade, na força de um olhar.
Sento-me junto à janela que dá para a rua, da cama ouvia a força da chuva e precisei vê-la, quis vê-la cair com determinação, com força. Sim, precisava de ver, de sentir esta força, de sentir que somos todos pequenos, de ouvir esta melodia acelerada do gotejar que corre das beiradas. Precisava de me sentar aqui a ver a chuva forte que lava as ruas, que apaga o ontem, o há pouco, o ainda agora. Leva tudo, arrasta tudo, lava tudo.
Há qualquer coisa de belo na força, de delicado, de frágil, talvez seja a sua atracção pela fraqueza, pela fragilidade, pela delicadeza. Talvez seja essa a sua fraqueza, talvez seja isso que equilibra as forças. O forte precisa do fraco para saber da sua própria força e proteger aquilo que lhe falta, o fraco precisa da força que pensa que não tem, e às vezes não tem e precisa que alguém o leve pela vida, protegido de si mesmo, ou se tem, alguém forte que lha faça sentir e saber e confiar. Tudo tem o seu equilíbrio e os mecanismos próprios e naturais (e demorados) de ajustamento. Os mecanismos de auto regulação da natureza são perfeitos, tanto que nos podem vir a ser fatais.
E agora vou voltar para a ronha, só mais um bocadinho entre lençóis e calor, para apreciar a sinfonia da chuva maestrina.