Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

14 agosto 2011

"Ah! bem sabia que me amavas. Os teus primeiros olhares, esses olhares cheios de alma, o teu primeiro aperto de mão, disseram-mo, e todavia quando te deixava, ou que via Alberto a teu lado, tornava a cair nas minhas devoradoras dúvidas."

Goethe, Werther

Mesmo findo o livro, não, não sei se ela o amava na verdade, sei que não o queria amar, sei que se queria convencer que não, que a ser amor seria amor fraterno, compaixão, amizade. Ainda assim, concluído o livro e as últimas reacções da bem amada de Werther, não sei se ele era, de facto, amado ou não por ela. Uma dúvida, no entanto, não tenho, não o amava como ele a ela. Disso não há dúvida, ele morreu por isso. Dela diz-se apenas nas últimas linhas, que se temia também pela sua vida desde a morte dele.
"O que é o homem, esse semideus tão gabado? Não lhe faltam as forças precisamente no momento em que lhe são mais necessárias? E quando ele toma voo na ventura, ou que se abisma na tristeza, não será então ainda limitado, e sempre reconduzido ao sentimento de si próprio, ao triste sentimento da sua pequenez quando contava perder-se no infinito?"

Goethe, Werther