Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

09 janeiro 2016



(Foto @danaethelabel)

"Não tenho resoluções para este ano. Não gosto de resoluções de Ano Novo, assim como não gosto de balanços. Não tenho pressa em fechar anos da minha vida. Na verdade, não lhe devo nada. Os frutos, se é que existem, são apenas um começo. O resto são processos morosos que borbulham no alvoroço subterrâneo que é a nossa vida interior. As melhores sementes são aquelas que crescem devagar e em silêncio. Para mim, desejo apenas saúde e simplicidade. A simplicidade gratuita, que se oculta nas coisas, mas que nos revela um sentido maior, como aquele que encontramos na beleza de uma flor ou num poema de Eugénio de Andrade. Um sentido que, por vezes, não nos leva a lado nenhum, mas apenas a nós mesmos, que nos conduz à nossa vulnerabilidade. Se não habitarmos a nossa vulnerabilidade, não saberemos ser uma casa para os outros. Não saberemos ser solidários e, quem sabe, um pouco mais felizes. Trazemos por viver muitos anos. Tantos quantos a nossa vida nos quiser dar. Mas todos teremos anos suficientes para nos tornarmos na pessoa que nos pode salvar."

Roubado ao Notas de chá escrito pela Miss Smile., onde as coisas simples nos fazem cócegas à alma.

Também não tenho resoluções para este ano, nem tão pouco soluções, mas quero acreditar que "As melhores sementes são aquelas que crescem devagar e em silêncio.", talvez este ano seja tempo desse cultivar, desse silêncio, desse crescimento à sombra dos dias. Esse que nos permitirá tornarmo-nos "na pessoa que nos pode salvar" de nós mesmos.

(Foto @moniblanco)

Finalmente acendi a lareira, agora não consigo sair daqui. Vou-me arrastando por aqui ao som do cinzento do dia, com uma chávena de chá ao lado e preguiça por todo o lado... Ler, olhar para a lareira, pensar em tomar banho e adiar, lembrar-me que não gostavam de me ver de pijama, fumar um cigarro e parar o que afinal não se mexe.

Bom dia