Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

27 junho 2013

Sentada num cadeirão aquecida por um manto de estrelas, sem estar de lua, só a gozar o calor das noites quentes... É bom. Ainda há coisas boas. Podia adormecer aqui de tão cansada, embalada pelos barulhos da cidade. Pode-se querer muito mais, eu queria só o que me falta aqui para me enroscar melhor neste silêncio e despir a solidão. Ainda assim, hoje e mundo está mais calmo, ou eu mais calma com ele. Uma leve brisa refresca-me o sorriso solto, e uma janela com luz, mesmo ao lado, traz memórias pela mão. Tento não pensar o quanto sou estúpida e lembrar-me que os estúpidos são sempre tão mais felizes, esses e os que só vêem o que querem. Fecho os olhos. Boa noite.
E com o dia a acabar, resto eu, resto-me eu, e não resta nada. Ou não vejo o que possa restar. Fico-me aqui a pensar em tudo, o que queria, o que gostava, o que nao queria ter de lidar, ao que não consigo escapar e me escapa. Não sei o que dizem os meus olhos, mas acho que deixaram de saber lê-los, de saber ver neles o que eles sempre disseram e dizem, mesmo que debaixo de tanta mágoa, preocupação, e vida embrulhada em nós vários. Aqui onde olho para o lado e ainda te sinto, ainda te vejo, te oiço, te cheiro quase, quase tudo pareceria mais fácil se um dos nós se tivesse desembrulhado e fossemos nós aqui juntos, e eu não estivesse a escrever isto, e tu me estivesses a ler nos olhos o que sempre disseram e dizem e já não lês. Nós, que queria e precisava. Não tenho. Então escrevo.