Hoje sonhei, no meio duma noite em que não dormi, agarrada a uma insônia como não tinha há muito, sonhei. Sonhei com umas mãos atrevidas e que não eram tuas. Faziam de brisa com vontade de vendaval, percorriam-me a pele das coxas, levantavam a saia solta de vento e vontade, chegavam aquela curva onde as costas mudam de nome e lá o leve toque tornava-se vontade muda, agarravam-me, puxavam-me, e eu sentia um corpo onde me sentia bem no meu. Um corpo que me queria, que me agarrava, que me sabia agarrar. E levar. Atrevido, malandro, e que me fazia rir. Não me lembro do sonho mas lembro-me de o chamar, a rir, de atrevido. Só não sei quem era. Não eras tu. Era um médico (ironia das ironias... Quase tem piada, mas não engravidava para o prender, aliás se fosse dessas, teria engravidado de ti, tive anos de oportunidade e ainda me lembro quando me perguntaste se gostava de ter um filho teu, que nunca o perguntaste a ninguém, e que achavas que um filho nosso seria lindo...) e talvez me curasse de ti, lembro-me de ser a última coisa que pensei, a rir, no sonho, antes de abrir os olhos e dar por mim a pedir o vendaval da vontade daquelas mãos.
Bom dia