Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 agosto 2013

Insónias, insónias... Os olhos fecham mas não dormem. Levanto-me, rendo-me ao fumo dum cigarro e uma varanda. Eu e as varandas, eu e o céu, eu e as insónias, eu e os cigarros fumados e por fumar. Não sei como: apareces-me. Estou sentada num parapeito de janela, longe daqui, há muito tempo, que não contei nem sei, mas passou, mas estás aqui. Eu fumo outro cigarro que não este, e a luz dos candeeiros da rua iluminam-te os ombros, as costas. Passo a minha mao pelo alcance das tuas costas sabendo que ha momentos que nao passam, que ficam em nós, e despertam quando querem e, normalmente, quando não queremos. E até agora, aqui - eu aqui, tu em lado nenhum comigo, dentro ou fora - ver-te assim me cega e incendeia. Eu, que abro os olhos para ver onde não estás: eu, que quero abrir os olhos para tudo em que não estás. Aqui, que tudo me esfria, vens tu lembrar-me de fogos que não queres reacender. E eu a querer deixar-me levar para outros fogos, para outras cegueiras feitas bálsamo, e nada encontro em mim solto de ti para deixar que tentem levar. Como a carne mais chegada ao osso, que não se solta, que não larga, que quer ser osso de tão agarrada, colada, pegada, e sempre, sempre, a que sabe melhor. Eu em ti nada: nem carne nem osso: todo tu te deixas levar.