Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

01 abril 2013

Um dia destes abro a porta assim...
está de chuva, gabardine é o indicado, né??
Pois....

...Há pessoas que ficam tão contentinhas, tão contentinhas,
que só lhes falta sair um espectáculo de pirotecnia pelo cuzinho...
ffffhhhhhh pummm fhhhhhh pummmmm
tudo muito "inho", claro... tanto alardezinho que dão a tudo...
...que felicidadezinha boa... com foguetinhos pelo cú acima e tudo... quer dizer abaixo, abaixo...
(pronto, era só isto, eu sei que sou má, é por isso que a minha vida é o que é, paciência...
...sempre me rio sozinha....
 a emissão retoma dentro de momentos...)
[photo by Gregor Larymont]

Ora um destes é que vinha mesmo, mesmo, a calhar...
o dia melhorava logo... pelo menos as vistinhas melhoravam exponencialmente....
Aiiiiiiiiiiiiiiii....


Acordei a meio da noite e só pensava "onde está o meu descanso?", onde raio deixei eu o descanso, a tranquilidade, o bem-estar? O sentir-me bem?, parece que os descalcei para entrar nesta sagrada casa de doidos em que vagueio, donde ainda não saí, e donde sei que não vou sair pela mesma porta; não vou voltar a apanhar os meus sapatos antigos à entrada - vou sair por outra porta, ou por uma janela, ou pelo telhado, descalça. Resta saber que chão terei de pisar de pés nús, olhos no chão e coração desfeito. Sairei desta casa mais completa e mais vazia, a saber mais de amor e de desamor, cheia de um amor maior e esmagada por um desamor ainda maior e mais pesado. Não saio igual, mas não saio mais à frente na vida, apenas com mais tempo nos olhos, na pele e na desesperança. Terei de voltar a encontrar uns sapatos que me sirvam, que sejam o meu número, que sejam confortáveis, que me deixem caminhar sem magoar demasiado os pés, para levantar os olhos do chão e deixar de pensar com o coração, que precisa de descanso.