Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

08 julho 2010

Armei-me em durona,
Daquelas para que se olha e nunca se vê
Tal é a altura do muro que constroem à sua volta
Muros robustos levantados com o tempo
Onde se põem as pedras do caminho
E de argamassa usam-se as mágoas mastigadas
Que cuspidas juntam a solidez das pedras
Muros feitos à prova de tempestades,
Terramotos e à dureza da vida.
Surpreendentemente não resistiram
à leveza duma suave brisa,
morna, com cheiro doce
Não derrubou o muro
Não funciona à força
Esgueira-se por entre os espaços
que não sabia existirem
Entranha-se
E de repente vejo-me presa
duma brisa fechada entre muros.