- Achas que ele casou mas não gosta dela?
- Ele gostar, gostou realmente duma pessoa, por essa realmente ele correu atrás, depois não deu certo, ela não sentia o mesmo. Mas não digo que não goste da pessoa com quem casou, eles dão-se bem, queriam os dois casar e ter filhos... querem as mesmas coisas, ou coisas parecidas.
- Sabes, acho que a partir do momento em que gostas a sério de alguém, em que achas que encontraste "aquela pessoa", qualquer outra serve perfeitamente. É como se a partir daí todas fossem igualmente erradas, nenhuma é a que elegeste como "a certa", o que as faz todas igualmente certas. Estão todas feridas da mesma falha, nenhuma será "aquela pessoa". Por isso, no fundo, qualquer uma é certa.
- Acho que é mesmo isso. De certa forma, depois, qualquer uma, ou quase, nos contenta, por sabermos que nenhuma nos fará feliz. Escolhe-se alguém com objectivos comuns e vive-se com isso.
- Pois... Vive-se com isso. Não sei se consigo "isso" para viver...
[Tive esta conversa há uns dias e agora, aqui, lembrei-me disso: como a partir de certa altura é tudo um bocado indiferente. Como os dias, talvez. Antes de esbarrarmos com certas coisas achamos que podemos escolher melhor ou pior, pensamos que há escolhas mais acertadas que outras para a pessoa certa para nós, racionalizamos. Depois percebemos que só se pode escolher mais acertadamente ou menos a pessoa que nunca será a certa, porque essa, infelizmente não se escolhe, sente-se.]