Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

16 maio 2013




Hoje acordei com um pensamento a martelar-me a cabeça, a amarfanhar-me o ser, a fazer-me torcer o nariz à vida. Estranho, não sei porquê, sei que sonhei durante a noite, e deve ter sido o sonho que me abriu os olhos quando abri os olhos de manhã. Já sei porque me respondes que não interessa como estás, já sei porque o silêncio é a tua resposta a tanta coisa: porque a resposta é chata de dar, é incómoda de dar, porque é chato ser sincero, honesto, verdadeiro, porque às vezes magoam-se as pessoas com a verdade; não porque as queiramos magoar, mas porque muitas vezes a verdade magoa, e as pessoas preferem ocultar a verdade atrás do silêncio, continuarem a fazer-se de bonzinhos, a insinuar por meios silêncios, que sim, que gostam, para não magoar ninguém e provavelmente não gostam mesmo é de ninguém. As verdades duras implicam coragem também para quem as diz, por isso os cobardes as calam; por isso, quando te perguntei como andas, como anda a tua vida, não respondeste - tentando uma vez mais queixares-te estoicamente que não te queixas - refugiares-te no silêncio que diz o que se quiser ouvir, porque custa-te dizer que andas bem, que andas muito melhor: que a tua vida sem eu nela é muito melhor, mais calma, mais tranquila, mais pacifica: que tudo voltou ao mesmo na tua vida, mas para melhor - que apenas te faço diferença para melhor com a minha ausência - que é o que tu queres e tens, e foi o que percebi no teu tom de voz ao telefone há dias. Não mo queres dizer porque não queres ser chato, não me queres magoar, e não percebes que quem pergunta, o que quer que seja, tem direito a uma resposta honesta, sincera, verdadeira, pelo menos quando as pessoas em questão já tenham sido (no mínimo)  próximas, acho que merecem esse respeito, merecem essa verdade ainda que dura, porque ninguém pediu para ser poupado à verdade, apenas poupado à mentira. 
Estou chateada, danada, sou uma estúpida, uma burra chapada, uma mulherzinha sem jeito nenhum, sem ponta por onde se pegue. Estou chateada hoje - muito. Porque só percebi tanta coisa agora? porque não quis ver antes, quando mais uma vez me deram silêncio por resposta, quando já me disseram que silêncio é oferecido quando a resposta é dura para quem ouve? Já mo disseram e eu continuo a não ouvir a resposta que o silêncio grita. Porquê?
A culpa é só minha, e talvez por isso, esteja ainda mais chateada, mais danada comigo - desiludida. Sou muito estúpida.

[mirtilos?? amoras?
(são? nem sei...sou muito ignorante)
doce delas... é preciso esmagá-las para o ter,
para o comer.]
Bom Dia