Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

06 janeiro 2012

" Ele admira igualmente os «esposos divorciados» que têm a coragem de assumir aquilo que são, «de se revoltarem abertamente» contra a vida matrimonial, assente mais nas conveniências e nas tolices moralistas do que no amor mútuo. Em contrapartida, não poupa nas palavras contra os preguiçosos do casal, esses traidores do amor, que se alapam com moleza ao lar, «aqueles que se revoltam apenas em pensamento, sem ousar passar à acção, esses miseráveis esposos que suspiram pelo amor há muito tempo desaparecido(...), que se encerram como dementes na sua célula conjugal, agarrando-se às grades e debitando frivolidades a respeito da amarga tristeza da sua união». "
(sobre Kierkegaard)

" A paixão, o sexo, o espanto dos primeiros dias, tudo isso é transitório. Restam as palavras que se trocam, as conversas que enriquecem. De tal modo que a única questão a colocar verdadeiramente antes de casar com alguém será, no fundo, a seguinte: «Acreditas poder conversar com esta mulher até à tua velhice?» Para lhe responder, será ainda necessário aprender a «amar para além de si mesmo», ou seja, com o desejo de melhorar. "
(sobre a visão de casamento de Nietzsche)

" «Em vez de, como antes de sermos amados, nos inquietarmos com esta protuberância injustificada, injustificável que era a nossa existência; em vez de nos sentirmos "a mais", sentimos agora que esta existência foi retomada e desejada nos seus mais ínfimos detalhes por uma liberdade absoluta que ela ao mesmo tempo condiciona. Está aí o fundamento da alegria do amor desde que ela existe: sentirmos a nossa existência justificada.» Amado, já não sou um elemento que se destaca com o mundo como pano de fundo, sou aquele através de quem o outro vê o mundo. Amado, eu próprio me torno mundo."
(o doidivanas do Sartre e a sua visão do amor como me parece que nunca o viveu verdadeiramente)

tudo in Os filósofos e o amor, Aude Lancelin e Marie Lemonnier

Neste livro em que o amor se reduz a transitório, basicamente fortemente justificado apenas naturalmente e instintivamente, com pouco de elevação de sentimento, ou união de almas, para além da ilusão necessária para surtir o seu efeito natural e passageiro com fim à procriação e manutenção da espécie. Tantos ilustres a pensarem sobre o amor, todos a viverem-no mal, ou a nem sequer o viver.
É um bom instrumento de reflexão, ou foi-o para mim, para saber o quão devo estar enganada e quanto quero continuar enganada. Às vezes é bom não ser um grande ser pensante, e ter-se ideias mais comezinhas sobre coisas que se consideram grandiosas como o Amor.