Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

14 julho 2013

Na ronha na cama há já não sei quanto tempo, entre pequenos sonos soltos e curtos pensamentos lúcidos. Às vezes já sabemos tudo e continuamos sem saber nada, sem querer saber o que sabemos sem querer. E depois tanta coisa para que não tenho resposta... Porque é que há sorrisos que não se transformam em vontades que só nascem por dentro do sorriso de sorrir por dentro? Porque é que pessoas que admiramos, onde reconhecemos qualidades boas, não nos fazem sentir o melhor que podemos ser? Porque é que não trazem nas mãos o nosso olhar mais puro, mais nosso, mais nós? A gargalhada mais fresca, o gesto mais límpido de querer, o desejo mais naturalmente avassalador, a ternura mais indomável? Talvez a vida seja para ser vivida à defesa, afinal, talvez não seja suposto estar com quem nos despe de nós, quem nos vê a alma de dentro para fora. Um despir que é nudez profunda e confortavelmente natural, e não falta do que nos vista, despindo-nos do que realmente somos. Se calhar a vida é escondermo-nos, fugirmos dela fazendo de conta que a vivemos como se corrêssemos atrás. Estou cansada desta vida sem vida, mas cada vez mais habituada ao cansaço de não viver.
Vou deixar a ronha e correr atras do dia que nunca sai do sítio. Nem eu, por muito que corra.
Bom dia!