Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 abril 2010

Não queria estar com ele, estava muito triste, muito estranha, e não devia estar com ele com aquele estado de espirito, mas ligou-me, e acabou por me perguntar onde estava e foi ter comigo, e saiu de lá da maneira que eu não queria. Triste como eu. Não sei o que pensou, ou o que viu nos meus olhos, quando a certa altura pediu que olhasse para ele, e eu a olhar e a rezar que ele não visse nada do que me ia dentro. Disse que tinha posto os pés no chão, viu alguma coisa que o fez pôr os pés no chão... não sei o quê. Depois disto foi-se embora, ia-se embora sem um beijo sequer, abriu a porta do carro e eu disse-lhe que os CDs que estavam na porta eram para ele, pegou neles agradeceu e deu-me um beijo na cara. Foi-se embora. Fiquei. Fiquei a olhar para a paisagem e apeteceu-me que todas aquelas arvores me levassem, que me arrancassem todo o oxigénio do peito, que me espalhassem por todos os ramos, de todas as arvores que via naquela imensidão, que me espalhassem de tal forma que me esvaziassem de mim, que me levassem de mim e eu deixasse de ser eu. Que em nenhum bocadinho delas me reconhecessem, que eu deixasse de ser, de existir, como sou, que a alma se dividisse e subdividisse de tal forma que me tornaria irreconhecivel até para mim, tornando-me para sempre irreconhecivel. Não quero sensibilidades, não quero vontades, não quero ideais ou sonhos, amputem-me isto tudo e nascerei novamente sem ser eu, podendo assim ter esperança de um dia não ter de pedir para que a alma das arvores seja a minha, espalhada e irreconhecivel.