É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada
(...)
Pablo Neruda
[era bom, era, mas não. O que eu visto, como me arranjo, não é como seria apreciado, mas sou eu, sou assim, e continuarei a ser eu, só sei ser eu, ainda que não te sirva, que não seja à tua medida... mas deve ser bom sentir que nos querem assim, que gostam assim, como somos e nos vêem, nos arranjamos e vestimos, mesmo que seja a coisa mais normal do mundo, sem estilo particular ou diferente, ou uma qualquer espécie de afirmação muda que grita aos olhos dos outros. Eu sou calada de boca e de aparência, só me ouve quem atenta nos detalhes sussurrados, quem vai à procura, quem aprecia o que eu aprecio, no fundo. Não me imponho nem ao olhar dos outros. Não gosto que reparem em mim, muito menos de forma gritante, por isso escondo-me na normalidade de que não prescindo, que me veste, que sou. Não sou, nem quero ser, nem parecer, diferente.]