Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

24 fevereiro 2012

Ahhhhhh...era tão bom ficar na ronha. Quentinha. Aconchegada.
O mundo é muito injusto, só vos digo.
Fechei o livro agora mesmo, depois dele se fechar para mim numa passagem que me levou aquela noite, em que pela única vez estive contigo e não senti nada. Naquele momento em que o corpo foi vencido pelo espírito e não me deixou acabar a frase que eu não queria dizer, não me deixou fazer o que não queria fazer, venceu-me, deixando-me vencer afinal. Uma onda estranhamente fria percorreu-me a cara e foi morrer à força que me faltou, que me apagou o corpo, eu agarrei-me a ti e deixei-me ir, deixei-me mergulhar naquela escuridão confortável sem dar conta, sabendo que estava bem nos teus braços. Não sei quanto tempo submergi, quanto tempo me libertei dos sentidos, da realidade de tudo, não sentia nada e era bom. Foi o que senti quando, sem saber como, comecei a lentamente entrar na realidade desfocada de uma cara que me chamava, sem saber onde estava, quem eu era, ou quem me chamava. Quando a nitidez da visão me ofereceu o teu rosto, tão perto de mim, só me lembro de sorrir, e de pensar que estava bem, estava tão bem sem sentir nada, sem pensar no teu ou no meu futuro, sem pensar que sentia ou o que queria. Estava bem, mergulhada naquele vazio confortável, donde saí para os teus olhos e me pendurei no teu pescoço, e na tua preocupação por mim. Eu estava tão bem!!... e agora apetecia-me isso, deixar-me cair nos teus braços e esquecer-me da minha existência, confiar-me a ti, e fechar os olhos ao mundo, enquanto velasses por mim e pudesse acordar no teu olhar.