Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

03 fevereiro 2014

...porque hoje precisava muito de me sentir perto dum qualquer amor que me fizesse sentir bem, protegida, amparada, volto às papoilas da minha infância, e à mão que procurava para agarrar a minha, uma mão forte, quente, cheia de ternura e protecção. Não eram mãos bonitas - de tão esquisita sou com as mãos -, mas eram umas mãos que me faziam sentir bem, mãos que tantas vezes espreitei, de soslaio, noutras mãos que me faziam lembrar essas, que me levavam no tempo até elas, mas também essas já cá não estão, e toda a segurança, a protecção, o sentir que às vezes há mãos que se podem procurar para nos agarrar e não nos deixar cair, tudo isso acabou. Alguém me devia ter avisado que eu devia ter crescido antes disto. Procuro nessas mãos da memória a memória duma segurança que não tenho, e que preciso tanto. E colo, esse colo que me ampara e repara de todos os males, porque os faz num passe de magia desaparecer de mim enquanto semeia de dentro um sorriso que já não sei sorrir.
Tenho saudades, saudades de tudo, de tanta coisa que é o meu tudo, de tantas pessoas que me são e que me faltam... tenho saudades de estender a mão e procurar uma mão como a minha filha procura a minha quando caminhamos lado a lado, e mesmo sem qualquer perigo aparente, ela procura a minha mão, e encontra-a, e segura-a. 
Eu também quero estender a minha mão, mas ninguém ma segura.
Alguém me devia ter avisado que eu devia ter crescido quando as papoilas morreram naquele canteiro.

Bom Dia