Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

15 fevereiro 2015

"Mais triste que estar só, 
é ter alguém ao nosso lado a impedir que a solidão nos abandone,
 que alguém nos resgate."

João Morgado


[...encontrei esta frase e resume uma parte da minha vida, e a justificação de decisões que tomei. Eu não o diria melhor*. Não queria, não podia, ter ninguém ao lado a impedir-me de poder vir a não estar só. A impedir que alguém me resgatasse da solidão e me fizesse usar de tudo o que me faz, e que sou, na essência. Alguns recantos de mim precisam de alguém que os faça respirar. Descobri que são talvez o melhor de mim, e com que me sinto melhor. Talvez não se trate de ser inteira (ainda que se sintam certas ausências como amputações, do que sendo nosso, de repente deixamos de poder  chegar-lhes) apenas quando se tem alguém ao lado que nos acrescenta em tanta coisa, mas de sentirmos a plenitude de nós, do que podemos ser. E isto talvez seja uma coisa que tenho vindo a aprender e a compreender - sozinha, sem estar só, sou inteira, mas não plena. E a diferença, depois de a conhecer, é tremenda. Dá saudades de nós, como dum quarto fechado à chave na casa que habitamos, que é nossa, mas a chave está num bolso que não está em nossa casa, que não temos. Essa chave abre-se em gargalhadas que já não ouvimos, em olhares que falam coisas impronunciaveis, em toques que chegam à alma, em brincadeiras que são a coisa mais séria da vida: vivê-la respirando a nossa essência.]

*há também uma frase de Nietzsche que nunca me esqueci "Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia."

"Ainda bem que quando me olham só podem ver quanto te amo, e não o quanto te desejo; podem ver como me encantas e te admiro como és e por quem és, só não sabem a tesão que tenho ao ver o teu olhar e o teu sorriso. E mesmo que intuam a empatia, que pressintam quão grande é a cumplicidade, ainda bem que não imaginam que penso na tua cona quarenta vezes por dia, que sonho acordado com a tua boca, os teus lábios, a tua língua.
(...)
( (...) Sim, por vezes creio que possam duvidar: que achem que isto que lhes digo, de o amor ser mais por dentro, é coisa fácil de afirmar quando se ama a mais bonita. Se o disserem, não o desminto; apenas penso que ainda bem que o coração não tem janelas, que não podem ver por elas o quanto penso em ti despida, que não sabem que ao reunir-me nas longas mesas polidas só penso em foder-te nelas. Atrai-me o teu feitio, tua perspicácia, inteligência. E deve haver quem não entenda isto – há quem diga “personalidade” e isso queira dizer “mamas”, mas em ti excitam-me as duas, as duas mamas e as duas coisas, todas as coisas em ti, todas as coisas de que és feita.)
(...)
E o sangue das minhas veias, que é finito e limitado, foge-me do cérebro, vai-me para o caralho. E a culpa é tua."

O S. Valentim do Menino... Muito bom, como sempre.

E eu, de todas as culpas que poderia ter, aquela última não me importava nada, nada, de ter 
(desde que o destino do sangue for pertença da pessoa que eu quero, entenda-se, e que tivesse por mim uma coisa, pelo menos parecida, com aquilo que o menino descreve - do querer tudo, de não saber distinguir onde começa o de fora e acaba o de dentro, qual apaixona mais. Porque tudo é aquela pessoa, a nossa pessoa.)
Bom, e agora vou ao banho, parece-me que são horas do dia começar com obrigações, chatices e tristezas, além das outras que já temos cosidas por dentro... Mas um banho ajuda sempre, dizem (pelo menos à limpeza e ao cheirinho bom, ajuda, vá...)

.... Nope... E agora tenho aqui o Kevin Kostner à minha frente num filme lamechas, lamechas... Mesmo a combinar com o dia melancólico (vou acabar a maldizer a minha vida, estou mesmo a ver). Sempre gostei deste moço, não é bonito mas tem qualquer coisa de gajo normal, com charme mas sem grandes manias e um ar doce e reservado. Gosto... Enfim não há gajos assim, só a ideia deles na minha cabeça... Ninguém entende os gajos, ou eu não, e ontem comprovei-o mais uma vez. 
Enfim...
Bom dia.