Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

29 setembro 2011

Estou tão atafulhada de coisas que quero fazer, que gostava de fazer, vontades atadas com nós cegos, que o próximo que me apanhar até vai fugir de tanto que gostaria de dar e guardo. Como uma represa que um dia se vê liberta vou fazer tudo o que sonho contigo, que não pude, não posso fazer, mas que queria. Queria raptar-te numa sexta à tarde, sozinhos, levar-te para longe do mundo e perto de nós, queria fechar-me num quarto de paredes caiadas de branco e janelas enfeitadas de cores plenas de vida, no meio do nosso mundo, com espreguiçadeiras no terraço a convidar ao mimoe à conversa ao ouvido e o teu calor perto, queria perder-me contigo a contar as estrelas do céu limpo e sem luzes a poluírem a noite, ou a admirar a lua pestanuda que pisca o olho ao céu e nos sorri atrevida, queria sentar-me na varanda e encher-la de gargalhadas partilhadas, beijos roubados, trocados, dados, mas sempre sentidos. Queria leituras partilhadas e sorrisos cúmplices no olhar, queria adormecer em qualquer lado enroscada nos teus braços e aninhada no teu peito, sorrir a dormir e sonhar acordada. Queria parar o carro no meio de nada porque a música que está a tocar, tenho de a dançar contigo, colada a ti, e não pode esperar, como nada deve esperar, porque o tempo foge e não espera por ninguém. Queria passear de mão dada a conversar ou em silêncio, queria partilhar contigo as coisas boas e más, ajudar-te, deixar ajudares-me, deixar que tomes conta de mim, mesmo que tenha de tomar mais conta de ti... O próximo, se existir, espero que goste disto tudo, porque eu gosto e quero, e tu gostas de certeza, mas de certeza que não o queres.