Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

21 julho 2014

hummm. certo.... correspondido como... por correspondência?
será isso que querem dizer?
deve ser, é que até essa correspondência é dificil quanto mais outra... 
.... qual saúde, qual quê...
 o pessoal andaria todo doente e moribundo se dependesse dessa coisa do amor correspondido...



E agora deparei-me com isto, e ficava tão bem a acompanhar o post de ontem na varanda... e depois percebi que também ficaria bem no post anterior, porque o silêncio pode ser uma música: uma música em silêncio, em que só falam as almas, e falam baixinho ao ouvido do silêncio sem o perturbarem. 
Há coisas que só fazem sentido partilhar com quem amamos até à loucura. 
Aliás, há coisas que por muito que tentemos partilhar se não amarmos até à loucura não são realmente partilhadas, se calhar porque se tenta, e tentar não é espontâneo, não te sai sem saberes que sai, não te leva sem saberes que já te levou irremediavelmente, e é daí que se calhar vem a loucura: a não explicação, a ilógica do que não implica esforço é que é recompensado com essa magia. essa loucura.
Poucos loucos destes, tão poucos...


Não fui ver. Por um lado tive pena, por outro não tive nenhuma.
Tive pena porque gosto, não tive porque é uma banda especial para mim, não digo das minhas bandas preferidas porque há já demasiadas pessoas a dizê-lo, e porque não sei se será das minhas preferidas, não tenho muito dessas coisas eleitas "preferidas", tenho coisas que gosto, outras que gosto muito e outras que me tocam duma forma funda e me fazem de alguma maneira identificar de tal forma que passam a ser um bocadinho de mim. Como a música dos Portishead a partir do momento que alguém me disse - e que tanto me surpreendeu -, que eu era do género da música deles, que era a minha cara, que era o meu ritmo. E eu fui à procura, porque não conhecia, mas era verdade, e eu sorri com isso - com esse intuir-me, esse ver-me, esse saber-me antes de me conhecer -, como com tantas outras pequenas coisas, que me tocam e se tornam especiais por me tocarem, ou tocam-me porque são especiais, não sei nem me interessa... eu troco um bocado as coisas. E ontem percebi que realmente ainda bem que não fui, porque há coisas especiais que sabem a pouco, e sempre um pouco amargas, quando não são feitas como deveriam, com quem se deveriam, ou serão sempre metades amputadas de qualquer coisa, qualquer coisa de fundamental que lhes tira tanto do sentido, e do serem especiais, tornam-se banais e estragam-se. Há espectáculos que só são um espectáculo quando a companhia nos faz gozar o espectáculo em pleno, e a companhia que era para ir comigo (antes da sua agenda impenetrável o tornar impossível) por muito boa que seja, que é, e que eu adoro, ia-me deixar na mais profunda solidão quando me lembrasse daquela noite em que no chão, em frente a um prato com um mil folhas partilhado e dois copos de vinho, tentei comemorar uma coisa boa, mesmo que dessa maneira pobre, e no chão, e à luz de velas (que não são lamparinas nem coelhinhos atrevidos) e senti uma mão agarrar-me pela cintura num abraço sentado que se dançou à música dos Portishead, peito com peito, cara com cara, respiração com respiração, num abraço quente e apertado e dos mais ricos que me lembro. Para mim foi uma noite boa, feliz, não haveria maneira melhor de comemorar, que mais me tocasse do que aquela, vinda do nada e sem programação, na mais espontânea e verdadeira vontade de estar, de partilhar, de comemorar. E era esta a banda sonora. Esta que é a minha cara, e tem o meu ritmo, e que alguém foi ouvir ao lado de quem escolheu. Que não fui eu. Felizes dos que foram com quem escolheram. Se eu fosse não ficaria feliz, mas amputada. Não iria com a minha escolha para esta banda. Ainda bem que não fui. 

[e esta música é das poucas deles que consigo identificar de facto, o resto só identifico o ritmo, a languidez, a sensação quente, a lassidão que se arrasta sem pressa mas com alguma pressão, e não foi esta que foi dançada sentados no chão, disso lembro-me. Tenho pena de não me lembrar qual a música ou as músicas -penso que foram musicas, mas não sei -, estava demasiado abraçada para me lembrar da música que nos acompanhava, mais do que nós acompanhávamos a música, ou assim me pareceu... eu troco um bocado as coisas, é o que é... para compensar a minha falta de jeito em trocar de pessoas, deve ser isso...]
Hoje a noite está silenciosa, aqui fora não passam carros nem se vê ninguém na rua, e sabe-me bem - ouvir o silêncio. O céu forrou-se de nuvens, aconchegado, devia estar com frio e puxou os cobertores. Não nos deixa ver as estrelas porque tem frio, mas elas estão lá, por mais cobertores com que se cubram, há coisas que não deixam de ser. Mesmo que o céu não seja o mesmo todas as noites, mesmo que algumas estrelas se apaguem, o céu estrelado está lá. Mesmo que com medo do frio. Deixem passar o frio, as mantas sumirem-se e vão ver. Está tudo lá, o essencial está.

Coisa mais bonita
é quando a vida faz declaração de amor
e o amor faz declaração de vida.

[Yawk]
Daqui

...é, é mesmo... deve ser...
um dia, um dia...
Até lá,
Boa noite