Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

21 setembro 2010

O amor não se repete

Sentimos sempre diferente, o amor não se repete. Tem razão. Não se repete porque não há duas pessoas iguais, e o que sentimos é também diferente. Quem gosta é uma só pessoa, mas nunca gosta da mesma maneira, porque na verdade o sentimento é nosso mas é parte do outro, são bocadinhos que roubamos ao outro e guardamos em nós. Eu roubei tanto de si que guardo mais de si do que mim, aliás, não sei já qual a parte de mim que é minha, e qual a parte de mim que não sou eu. Mas sei que há partes de mim que só conheci porque o conheci, e que agora valorizo tanto. Olho-me dentro e vejo o quão incompleta teria ficado, desconhecida de mim, sem si. Nada mais houvesse e saberia que não escolheria nunca uma vida mais pobre por um caminho mais fácil, menos doloroso, mas que me mostrou cores, cheiros, emoções e uma vontade de me dar que não conhecia, de que nem me sabia capaz. Gosto mais de mim agora pelo bocado de si que me ficou dentro e que agora é meu, que agora também sou eu. Está em mim mas sinto-lhe a falta. Tanto.