Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 agosto 2015

Há bocado apercebi-me, por um comentário que deixaram, que tinha publicado um post que não sabia que tinha publicado, era para ficar nos rascunhos, naqueles rascunhos que servem para libertar pesos, ou para pôr pensamentos preto no branco, tentando organizá-los, desembrulhá-los, e no caminho também a mim. São devaneios e coisas minhas, que não pertencem aqui, como ultimamente tão pouca coisa tem pertencido, aliás. Mas isto para responder a esse comentário, que falava de almas grandes, é que não sei de nada disso do tamanho das almas, mas sei que a minha sente o que sente e não tenho grande mao nela nesse campo, infelizmente. E as vezes há um sentido de justiça - ou de injustiça -, que nos arranha os sentires, e deseja-se que a vida, de alguma forma, equilibre as coisas, ainda que não queira ter participação alguma nesse ajuste de contas da vida, pensa-se nele, mas na verdade desconfio sequer que exista...

28 agosto 2015

...quero. Muito.
Acho que encontrarei esse azul no fundo do meu olhar. 
Talvez tenha de mergulhar em mim para o encontrar.
Sem medo, de olhos fechados, em busca duma cor que nos dá pertença.
Só em mim esse azul estará seguro, e eu também.
Só assim eu serei o meu refúgio e as asas do que sonho.
Só assim serei o meu lugar.
Onde se sente o azul de olhos fechados.

Boa noite.

27 agosto 2015

...Não sei quem é "ela",
mas gosto d' "ela"
Não gosto de jaulas nem para o coração. 
Nem para o meu nem para o dos outros.
Só na liberdade de não prender ninguém alguém se prende a nós.
Gostar é a liberdade de se escolher a quem nos prendemos, 
sem amarras, sem jaulas, sem dever de gostar.

Bom Dia!

25 agosto 2015

Recebi estas mensagens há poucos dias, e partilho agora convosco, porque tem a ver com o comentário da Nanda no meu último post, talvez seja coincidência estas duas leitoras, nesta altura em que estou, me dizerem coisas que me sensibilizam e me fazem notar, e sentir, que este blog tem dimensões que eu desconhecia, e talvez outras tantas que posso ainda desconhecer. 
Na verdade acho que tem - ou ganhou ao longo dos anos, não sei -,  outras dimensões e vidas, e toca (ou tocou, vá) vidas que não imaginava, de formas que não poderia imaginar. 
Tudo ganha um sentido diferente ao ver isto, ao ouvir estas coisas que me dirigem, sem nunca me terem falado, ou visto, e no entanto, terem aqui, neste blog, tudo o que é preciso para me conhecerem por dentro, para me conhecerem melhor do que quem todos os dias me vê a cara, me ouve, me vê rir e viver os dias claros, como se a Eva não existisse, e é na verdade quem mais me faz, quem mais sou, ou talvez não, não me faz mais,  mas faz-me tanto como a outra parte que se vê, sou-o muito, sim,  mas reservado a poucas, muito poucas pessoas. É uma faceta muito íntima, que não divulgo com facilidade, que não dou a qualquer um. Poucos a sabem ver ou sentir, já nem digo perceber. Mas o que percebi nestas linhas da Nanda e desta outra leitora é que as minhas palavras, este meu lado serve a alguém para alguma coisa, sem que eu o desconfiasse, e isso é bom, e dá um outro novo sentido ao deixar fluir pelos dedos o que me está escrito na alma. Talvez alguém o aproveite, talvez alguém tenha gosto em lê-lo, talvez se identifique, ou talvez sirva para saber o que não quer. Não sei, mas aparentemente pode servir para mais do que eu pensava, e não só para mim.

Bom só para dizer que estas duas meninas me fizeram ver o blog, e o que escrevo, duma forma diferente, e que sim, talvez um dia destes as palavras voltem a surgir aqui. Não prometo, não sei, mas pelo menos por estas duas almas caridosas, vou tentar. :))

Ficam aqui as mensagens (há coincidências engraçadas, há que dizê-lo... ou eu achei. parece que chamam a Eva para onde é o sítio dela... e talvez o único sítio dela seja mesmo este blog e estas palavras - talvez nunca tenha tido outro. ):

Leitora do Blog - Olá, andei a ler-te durante 3 anos seguidos da minha vida. Todos os dias ia ver se havia novidades no teu blog. Depois, por motivos que agora não interessam para nada estive uns 2 anos sem te encontrar. Encontrei-te agora e até descobri que tens uma página no facebook. Tenho estado a ler todos os posts para trás que ficaram perdidos nestes 2 anos. ...e só queria dizer-te. É tão bom ler-te. É tão bom.

Eu- É tão bom ouvir isso... Mesmo! Obrigada.

(vi as mensagens pouco tempo depois de terem sido enviados e por isso deu origem à seguinte breve conversa...)

Leitora do Blog - Acabei de ler um post em que falas que te irrita que te copiem (mesmo que isso seja a melhor forma de elogio)... mas tenho que te dizer... foste a minha salvação muitas vezes.

Eu - como assim? a tua salvação?

Leitora do Blog - quando não sabia como explicar algum sentimento ao meu marido, copiava um texto teu e colava no espelho da casa da banho... às vezes leio-te e penso: é mesmo isto que eu sinto. Só que as palavras não me saem como a ti. Fluídas, organizadas e claras.

Eu - e ele entendia?

Leitora do Blog - entendia sempre e poupava-me de uma discussão

Leitora do Blog - é bom ter-te encontrado de novo e gosto muito de te ter por cá.

Leitora do Blog - beijos e obrigada

Eu - o blog tem tido e falado de tantas tristezas que essa deve ter sido uma outra fase do blog e da minha vida, e pelos vistos também da tua...

Eu - Beijo e obrigada, eu

Leitora do Blog - tudo se resolve. o mundo equilibra-se sozinho quando menos esperamos. Eu vou-te lendo e acompanhando. ...no blog, que é muito mais charmoso do que por aqui.

15 agosto 2015

Chego e todos os dias peço o mesmo: "um café e um copo de água, se faz favor". Hoje cheguei e não tive de pedir, surge-me com o café, o copo de água e um cinzeiro. Não só sabe o que peço como reparou que o cinzeiro é-me necessário, mesmo que nunca o tenha pedido, geralmente levanto-me e vou-o buscar.... Porque é que a vida não é assim? 
"Era isto, menina?"
Era, era isto... Sorri a acompanhar o "obrigado"... 
Mas aquele "menina", pôs-me de novo a pensar: porque é que a vida não me trata assim?

Bom dia.

13 agosto 2015


... E é isto.
Vale-me o sentido de humor, normalmente, não ficar entalado...

Bom dia!


Saudade: substantivo que se sente verbo do passado conjugado no presente meramente indicativo.

[tenho saudades de mim, saudades de me sentir eu inteira, inteira de falhas sem medo de as mostrar. Saudades de poder ser eu e de olhar o horizonte com esperança na ansiedade que o medo faz apertar mas que não asfixia. Saudades de acreditar nas pessoas, na vida, num qualquer equilíbrio justo do viver. Saudades de querer acordar e não me importar de não dormir. Saudades das gargalhadas destravadas e desavisadas. Saudades de não ter tantas saudades como se o passado me guardasse e o presente fosse um repetir-se mecânico inabalável e meramente indicativo: agora, hoje; amanhã será também agora, hoje, tal como hoje, tal como amanhã, tal como sempre, porque o passado, algures, ficou com os dias: com aquele dia, e o outro, e o tal, e o dia disto, o dia daquilo, o dia em que o nada foi tudo, o dia em que tudo deu em nada... dias com luz dentro mesmo à noite. Guardou-os numa gaveta fechada com a chave de saudades. Só assim se abre, mas nunca de lá saem. Talvez seja melhor que uma gaveta vazia, ou talvez não.]

12 agosto 2015


Toca-me como se fosse tua
Toca-me como se te fizesses meu
Toca-me como se me conhecesses
Toca-me como se me quisesses todos os dias desde sempre
Toca-me como se fosse tua rainha e tua serva
Toca-me como se fosses meu senhor e meu escravo
Toca-me como se nada mais importasse
Toca-me como se os teus dedos fossem só alma
Olha, 
olha-me, como se nunca me pudesses tocar.
Toco-te?



(Foto @real_simple)



Disseram-me que um dia me iriam escrever a explicar tudo.

Recebi a carta quando já nada esperava.
Era só uma palavra...
...inexplicável.


Dizia tudo, explicava tudo, era tudo

E não dizia nada, não explicava nada, não era nada.

Eu não quis perceber.
Eu não percebi.


Ainda não percebo.

11 agosto 2015

Hoje trocamos, conduzes tu.
Eu deixo. Hoje.
(Foto @zeosor)

Há memórias poisadas, 
espalhadas pelos sítios onde ando. 
Levantam-se como poeiras à minha passagem 
para me aterrorizar de felicidades passadas 
à espera de poisar.

10 agosto 2015

"Tudo isto deve ser tido por verdadeiro sem quaisquer provas; por outro lado, seria difícil demonstrar o contrário."

Ítalo Calvino, in Palomar

[...este, diria eu, é o problema em muita coisa. Em demasiadas coisas. O acreditar, pensar-se até que se sabe, apenas porque não é possível (ou muito difícil) a prova do seu contrário. Por outro lado, resume a fé em todas as suas roupas e com todos os seus perigos. O contrário dos impossíveis é difícil de provar. Talvez por isso se diga que não há impossíveis... ]

Há rotinas de que gosto. Mesmo. 
Acordar, sem pressas; tomar o pequeno almoço, sem pressas; arranjar-me sem pressas e sair de casa rumo aos barquinhos. Munida de um livro e tempo para parar. Pedir um café, sem pressas bebê-lo ao sol, pensar se me apetece ler, dar por mim, afinal, a escrever e a ver o que está à volta. Dar conta das mãos masculinas nas duas mesas que aconchegam a minha; surpreendentemente gostar dos dois examplares. Parar, para mais uma vez atentar nesta minha mania das mãos, e achar cada vez mais que as mãos são essenciais. Ainda procuro perceber o que lhes procuro. 
Parar, parar e estar comigo. 
Gosto destes cafés de manhã tardia sempre a tempo, enfunados nas velas recolhidas dos barquinhos que me guardam as viagens parada.

Bom dia
Há muitos anos que me sento aqui, nesta varanda, onde o céu aparece recortado, emoldurado entre as paredes  dos prédios que parecem fechá-lo, e ao mesmo tempo protegê-lo, cingi-lo, quase num abraço. É um pedaço de céu, mas não é céu com toda a propriedade e extensão, ainda que o seja, que seja da mesma matéria do outro que se perde de vista. A nossa vista é que muda - a nossa vista é que muda sempre tudo. Escrevo isto e dou-me conta que com as pessoas é o mesmo, às vezes esquecemo-nos que a parte pequena que vemos é parte do todo - que há um todo. A matéria de que somos feitos é só uma, mas é preciso saber ver, quando nos cingem num quase abraço ou quando nos dão largas a toda a imensidão da alma. Quando nos dão rédea solta para sermos o que somos, com toda a propriedade e extensão. Tudo é, talvez, uma questão de saber ver, e, na essência, querer ver. E este céu, que aqui vejo numa moldura de arestas incertas e travessas, já o conheço, e por isso noto que está diferente. Este céu, visto neste sítio particular, costuma ser doce, costuma ter a cor do algodão doce, daquele que povoa a minha infância e que é pintado em cor de rosa menina. Hoje não é de menina a sua cor, tem a cor de negro esbatido, vêem-se, perdidas, apenas duas ou três estrelas mais afoitas. Mas daquele rosa que me fazia sorrir e lembrar de algodão doce, só há vestígios na memória. Hoje não há reflexos rosa na neblina, as luzes mudaram, ou a neblina dissipou-se demais. Às vezes há coisas que nos fazem dissipar as ideias doces, às vezes começamos a ter na boca demasiado tempo o sabor amargo das tantas tortuosidades do caminho para nos conseguirmos lembrar daquela nuvem que se derrete na boca, que é feita de açúcar, sorrisos quentes e sonhos mágicos. Quando os engolimos ficamos doces e desaparecem, fica só a ideia deles e o calor das memórias, se a boca não nos amargar demasiado com a vida. Olho para o céu e fecho os olhos para os abrir para a memória, para ver por dentro do que vivi e me ficou, vejo um céu fofo, parece de algodão, e pela cor é doce. Dou por mim a pensar que em crianças nos deram a todos esse pedaço de algodão doce, mas demorámos a perceber que não era um pedaço: era o todo. E agora andamos a vida toda à procura do resto, da doçura a perder de vista. E muitos há que se perdem, outros esqueceram ao que sabe, outros desistiram de procurar esse açúcar que derrete na boca e nos engole de magia. Outros olham para o céu e perguntam por ele, na esperança disso querer dizer que não desistiram, e que o travo amargo da vida não os trava nessa procura tão inglória quanto mágica e incerta. Mas, parece-me, que já que nos podemos perder, ao menos que seja na busca de algo que faça sentido ser doce e mágico... E que não tenha sentido nenhum, como olhar o céu e faltar-nos na boca algodão doce. Cor de rosa menina.

Boa noite

09 agosto 2015


... ronhaaaaa não tira férias, e ainda bem!.. Anda-se aqui, vira-se de um lado para o outro, cheira-se a almofada de várias perspectivas sonolentas, deixamo-nos ficar sem saber porquê, e a vida vai-nos passeando pela cabeça em pensamentos matinais. É o que estraga, pois, pensar estraga muita coisa, mas também resolve muitas. Infelizmente nem todas, eu estou aqui a pensar que a mim me tem calhado a parte podre da maçã, e que depois de livre da parte má, alguém - que não eu - aproveita a parte boa. Parece as vezes que ando no mundo a melhorar o que nunca sou eu a beneficiar... A trabalhar para os outros e mal tratada. E isso dá-me uma ligeira irritação, que dá, não há como negar. E que tal aparecer-me alguém que me faça crescer e melhorar? A mim, euzinha aqui... Hum? E que não deixe isso para outro alguém aproveitar? Que tal trabalhar a par e em par? Uma variação das boas, quem sabe... Ando bastante precisada de variações das boas na minha vida... Se ando!

Bom dia

08 agosto 2015


Era um café destes, se faz favor!
Não tem... assim a pedido?! Não dá para encomendar???
Ohhhh... Traga-me um dos outros, pronto...

07 agosto 2015


Para onde vais tu, Eva?
... Não sei... Estou indecisa... Acho que vou abancar aqui para um café a pensar no destino...

E agora, ao fim do dia feito, ia um banho assim... Não, não é preciso água, um banho de luar em beijos, em que não comparecendo a lua, ficam os beijos pela noite dentro. Banho de imersão. 

04 agosto 2015


Quebrada, mas não presa... Navega-se a esperança, voa-se nas asas do azul adocicado de branco algodão doce.
Quebrada, mas não presa.
Pior de quem está preso, quebrado de desesperança. Não voa, só finge estar no céu.

Bom dia.