Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

12 julho 2011


OK vamos lá animar isto...
 Pode ser um destes para a mesa 5? que isto reuniões a manhã toda não está com nada... Pode ser? Ok obrigadinha.

08 julho 2011


Are you talking to me??

Sim, sim, tu.
Portaste-me mal, fechaste-te outra vez na casota onde eu não caibo, e para onde foges sem eu saber porquê. Ficas sozinho a roer o teu osso e deixas-me do lado de fora de ti.
Não gosto.
Não gosto da tua resposta tonta, nem de agradecimentos daquilo que não tem agradecimento. E também não é uma dádiva, é uma inevitabilidade sem qualquer alternativa aparente. Pelo menos para mim.

07 julho 2011

Acho que já até aqui falei neste assunto, mas depois de ler isto voltei a debruçar-me sobre ele, e continuo a gostar mais de adoro-te do que de amo-te, ainda que ache que os dois não se anulam. Aliás, dependendo da situação um encaixará melhor do que o outro, se quisermos realmente traduzir em palavras o que se sente em cada momento. Porque há uma palavra para cada momento, mesmo que essa palavra seja tantas vezes o silêncio dum olhar que diz tudo o que nenhum adoro-te ou amo-te consegue dizer.
Adorar alguém tem, para mim, algo de selvagem, de irreprimível, de louco, de desenfreado, basicamente implica sempre a pimenta que vem com a paixão, é, como dizia Camões, "Um não querer mais que bem querer" é algo que ainda nos mexe com os fusíveis, que nos faz duvidar das coisas mais certas, que nos surpreende.
O amo-te é a plenitude trazida pela tranquilidade de se amar, e de se saber amado, é forrado dum sentimento consistente, mas mais meigo, mais contínuo e de menos erupções emocionalmente destravadas.
Agora, acho que é possível adorar alguém que amamos, mas parece-me difícil adorar alguém por muito tempo, sem que se tenha também de dizer inevitavelmente amo-te. Mas, para mim, uma relação completa tem de, de vez em quando, ter essa loucura incontida da paixão, de adoração pura do outro, como se às vezes olhássemos para ele como se fosse a primeira vez, como se nunca o tivéssemos visto assim, como que surpreendidos por estar ali, connosco, admirados por podermos adorá-lo enquanto o amamos.
O amo-te sem a adoração, sem a raça do gostar com ganas, parece-me sempre um amor morninho, um (a)marasmo pacifico e tranquilo, confortável, bom, muito bom, mas a quem falta um choque enérgico de vez em quando para nos acordar para a vida, para a paixão pela vida.

05 julho 2011



Some things fall apart
Some things makes you hold
Some things that you find
Are beyond your control

I love you and you're beautiful
You write your own songs
What if the right part of leaving
Turned out to be wrong

If I could kiss you now
Oh, I'd kiss you now again and again
'Til I don't know where I began
And where you end

(...)
Moby (where you end)

Ahh poizé!! Deviam pensar que não servia para nada. Enganaram-se, e olhem que não é para todas, é só para algumas. As mães não querem sempre que os filhos sejam um exemplo? Ora, eu não desiludi a minha (espero é que a minha me desiluda a mim nisto...)!!

26 junho 2011

Quando chegamos à última página dum livro, viramos uma página de vida, vida que não vivemos, mas que fica a fazer parte de nós. Sem frases, sem vírgulas, sem pontos finais, mas segue connosco de alguma forma. Seja bom ou mau o livro, aliás, eu acho que meço a qualidade pelo tempo que demoro a despedir-me dele, fecha-se o livro mas parece que continuamos a flutuar num mundo que não é nosso, que nos obriga a virarmo-nos para dentro e para nós. Este ensinou-me, ou confirmou, que o medo está dentro de nós, nunca vem do exterior. Só o eliminamos quando nos confrontamos connosco, e com o que tememos em nós, não nos outros. Eu descobri que tenho medo de me descobrir. Talvez por isso ande sucessivamente a testar limites que não sei onde ter.

O mais importante, no que diz respeito à vida por estas bandas, é o facto de as pessoas se deixarem absorver pelas coisas.
- Absorver pelas coisas? Que quer isso dizer?
- Acontece o mesmo quando estás na floresta. Tornas-te parte da floresta. Quando estás à chuva, tornas-te parte da chuva. Quando é manhã, tornas-te parte da manhã. Quando estás comigo, tornas-te parte de mim.
Haruki Murakami, Kafka à Beira Mar

16 junho 2011


Desculpa... só mais uma coisinha.. e já agora arranja-me um destes, tá? Com a cabeça a funcionar bem (bem sei que é pedir demais, mas já que se pede...)
Pode ser? Combinado.
(é certo que se cumprires eficientemente com o primeiro pedido o segundo já não terás trabalho...)

08 junho 2011


Fotografia um bocadinho psicadélica mas o significado não me parece nada psicadélico. Beijos que não descolam que nuncam deixam de ser beijos? Beijos permanentes. Só fico na dúvida se se estão a tentar despegar e não conseguem, se se querem despegar, ou não.

Eu gosto desta, apetece-me esta hoje, bem sei que não tenho esta idade, mas às vezes tenho. E gosto, gosto do que representa de carinho e ternura, de partilha de intimidade e brincadeira. Gosto, pronto. Nada a fazer!


[na verdade ainda gosto mais por causa do chapéu dele à Robin...]

Gosto.
São a minha cara, não quero cá rosas nem orquídeas finas nem coisa nenhuma. Margaridas, isso sim, frescas e não demasiado domesticadas ou com a mania, simples e sem finesses. Lindas. Para mim, claro. Além de que tenho falta disso, de margaridas...

06 junho 2011

Não gosto de fins, só de começos e meios, mas não de meios para um fim, não gosto de fins, já disse.
Gosto de princípios e de meios, por princípio.
No meio é que está a virtude, dizem. Eu digo que mantermo-nos lá é que é uma virtude.
Reconstruir os meios com os nossos meios, recomeçar sem acabar ou começar, apenas mudar, transformar.
Plantar sucessivos começos em cima dos meios já acomododados, crescidos. Quando mortos é o fim, foi.
Rumar ao objectivo, nunca ao fim. Não gosto de fins, já disse.
Objectivos são eternamente horizontes, quando pensamos que lá chegámos, erguemos o olhar e o horizonte lá está, ao fundo, à espera de nos fintar de novo.
Caminhar sempre em direcção ao horizonte, usar os meios em eternos princípios, porque o fim é evitar o fim.
O meu princípio és tu, dá-me uma mão, e com a outra afasta o horizonte que ontem vi nos teus olhos.
Fiquemos, por princípio, para sempre, a meio do fim.
Não gosto de fins, já disse.
[...há coisas que se repetem, e talvez agora faça sentido voltar, ainda não sei, sei que a Eva ainda não morreu e eu também não, embora às vezes me pareça convencer disso)

29 janeiro 2011

- Mas o que é que quer de mim?
- Quero fazer-lhe aí uns dez filhos...
[???? devia querer dizer tentar fazer uns dez filhos... digo eu]

28 janeiro 2011

Abri a porta devagar, como sempre abri o coração, menos a ele a quem não senti entrar. Ainda às escuras sinto os seus lábios assentarem perfeitamente na minha testa, e sem sequer me dar conta não consegui evitar o sorriso nos lábios que não beijou. Dois ou três passos depois e solidifica-se o silêncio num abraço terno, sinto-lhe o corpo tremer de frio por dentro e por fora, a alma treme-lhe num olhar triste, e percebo que todos os ruídos da minha cabeça se sumiram, fugiram quando a porta se fechou atrás de nós. Agora só a vontade de o aquecer, de o apaziguar, de o acalmar por dentro e aclarar o olhar. Ficámos assim. Não sei quanto tempo, o suficiente. Corpos juntos, respirações coladas, conversas emudecidas, a paz a entrar devagarinho, o calor a vestir-nos por dentro.
Tudo o resto perde sentido quando sentir é tudo o que se consegue.
Agora, estou às escuras, a porta continua fechada, a cabeça repovoada de ruídos e só sinto a minha alma a tremer, mas não se vê e ninguém sente.

25 janeiro 2011

Dizes que nada dura a vida inteira, que as coisas mudam, que as pessoas mudam, que tudo muda, e reconheço-o, tudo muda. Mudam as estações do ano que se repetem, muda o dia para a noite, muda a vida que tantas vezes nos emudece, mas que sempre continua a cada dia, depois de cada noite.
Nem sempre mudar é deitar fora o que mudámos, é apenas aconchegá-lo de maneira diferente. Esta maçã que me deste com o nome, emudeceu-me pela tentação de viver, e eu mudei, mas sou eu. Tu destapaste a Eva em mim, pela tentação de ser eu, apenas eu, um eu que não via mas que tu viste. Mudei-me e continuei-me eu, contigo em mim.
As pessoas mudam, os sentimentos alteram-se, transformam-se, desenvolvem-se noutros, crescem, mas nunca esquecem a infância que os viu nascer, ficam sempre em nós se houver vontade de os manter, se se continuar a achar que vale a pena, doutra maneira deixamo-los morrer.
A paixão deixa de morder da mesma maneira, deixa de queimar, mas aquece e muito, os dias, as noites, leva vazios e traz sons, troca memórias por sorrisos, e vontade de estar em vontade de continuar. Sempre. Continuar a mudar momentos em sorrisos, paixão que não acaba em cada dia que começa. De maneira diferente.
Há coisas que duram uma vida inteira. Na minha, eu. Tu em mim. As pessoas que gostámos, em nós. Mudas, eu mudo, mas pode-se ir mudando de mãos dadas num só olhar, ou apenas mudar, mas sem nunca conseguir mudar a mudança que nos mudou já, e que dura uma vida inteira.

21 janeiro 2011

E no meio de nada surge-me a ternura que não sinto, mas que recordo poisada no silêncio do que não dizes, quando os teus lábios me falam o que te queria ouvir.
Mas como ouvir a ternura? como se ouve o carinho? como se substituem os beijos pequeninos com que me contornas o rosto, que me enchem a alma e a memória, quando ansiedade de nos termos se cala, e os olhos se me inundam de ti?

18 janeiro 2011

Como é possível encontrar o que queremos e tudo o que não queremos numa mesma moeda?
Duas faces duma mesma moeda que carregamos sem saber que destino lhe dar, à espera que a sorte, o tempo, ou alguém a faça parar numa das faces e assim se manter. Alguém que nos diga o nosso destino desenhado nas faces dessa moeda, que tantas vezes se torna insuportável de carregar, e outras nos faz levitar na leveza de quem é, por momentos, tão feliz.
E como suportar a espera que nos levará ao que nos espera?
Como engolir os dias em que o peso da distância se torna insuportável?
Como guardar inalteradas as horas que nos fazem o coração sorrir na companhia do amor?
Como fazer para poisar apenas a moeda no fundo dum qualquer poço de desejos, e desejar que o que foi nos ajude a trazer o sonho à tona da vida, perdendo o peso que o afoga todos os dias, para toda a vida.

12 janeiro 2011

always on my mind



True... so true.
...
"tell me, tell me that your sweet love hasn't died"

04 janeiro 2011

Pode ser este ??

??

Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez os homens e deu vida aos lobos?
Santa Teresa em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!...



Florbela Espanca


Há coisas que faço que nunca fiz, há coisas que digo que nunca disse, há coisas que sinto que nunca senti. Não conheço este caminho, sinto-me perdida tantas vezes, e tantas vezes me encanto com o perder-me, como me desencanto com os desencontros do que se diz, se sente, e se faz.
Neste caminho que se vai fazendo debaixo dos meus pés procuro-me as minhas fronteiras de ti, procuro onde eu acabo e nós começamos, desencontro-me de mim e encontro-me em ti, em nós. Sou o que não sabia ser, o que pensava saber, sem saber que nunca se sabe ser afinal.
Eu sou o nós, tu és o nós, somos o mesmo no nós que não existe, mas que somos. E eu não percebo isto, de ser eu e ser tu ao mesmo tempo. De ser tu e não deixar de ser eu.
Não encontro no mapa as fronteiras para sair deste caminho para fora de nós. Para fora de mim.
É o nós que me dá o nó.