Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

04 junho 2010

É estranho como as palavras, que deveriam ter um significado comum a todos, ser um código de entendimento, são também tantas vezes apenas desentendimento. As pessoas dizem uma coisa, a outra ouve uma coisa diferente... Depois surgem desentendimentos mais profundos porque as palavras também pautam as vidas, mas silêncios há que gritam mais que o seu próprio vazio. Há desentendimentos por palavras a mais, a menos, mal ouvidas ou apenas caladas. Mas isso eu entendo, o que eu não consigo entender é como é que palavras como gostar, adorar, amar, podem ter tantos entendimentos diferentes e tão, mas tão, desentendidos. Porque gostar é querer bem, é querer ver o outro feliz, é querer saborear-lhe o sorriso e senti-lo nosso. Gostar não pode ser gosto agora mas daqui a pouco já não sei, não pode ser gosto de ti mas se te magoar, paciencia! Não pode ser adoro-te, mas não mudo a minha vida. Não pode ser, como mudei a minha vida agora parece que já não te amo. Não pode ser gostar, adorar, amar e falharem outras tantas palavrinhas como respeito, como consideração, como compreensão. Depois chega ao ponto em que as palavras são armas de arremesso, quando os sentimentos que recheiam o seu significado apodrecem, e de repente alguém que se amou serve de alvo fácil à pedrada, sabendo precisamente quais as pedras usar para mais estragos causar, para mais dor provocar, para mais derrubar o outro, e todas as recordações boas que este possa querer guardar. E aí, palavras para quê?

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