Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

14 junho 2010

Estou aqui há não sei quanto tempo à volta das nossas cartas, a reler, na verdade, a ver se alguma coisa que me tapa um bocadinho este vazio que me enche e transborda, alguma coisa que me console e aconchegue, qualquer coisa que me tenhas escrito que me encha um bocadinho o espirito.. mas nada... só fico pior quando vejo, quando constato o tanto que digo, de todas as maneiras e feitios, e que o que obtenho, são respostas tão pragmaticamente dirigidas, coisas ocas de substracto que me apazigue o que não sei que trago dentro. E é triste que seja assim. As únicas linhas que me falam, que me dizem alguma coisa, alguma coisa de ti para mim, do que vês, do que sentes, foram as que me enviaste antes de voar para meio do Atlântico, altura em que já não separavas bem as aguas, e eu de ti... de resto nada, é filho unico, e provavelmente, órfão. Solitário.
E não não sou injusta, sei que não gostas de escrever, mas sei que só quando estou ao pé de ti é que sinto qualquer coisa que não calas, só aí pressinto coisas que não dizes, mas essas a distância apaga, faz das recordações meras miragens muito, mas muito, enganadoras, mentirosas, sem palavras mentidas.
Só o estar à procura de alguma coisa que me ampute deste vazio, é já tão sintomático da distância que se impõe, da escuridão que se entranha, do silêncio que logo se instala, do frio que estala, que me estala. E isso diz muito, diz o que a balança diria, se lhe perguntassemos. Shhhhhhh

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