Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

13 março 2012

E hoje, dia 13, foi o dia em que desistiram de mim.
É estranho ser-se desistido, valer tão pouco, que é tão pouco dificil de se desistir. De dizer não, não quero, não vou. Não vales o esforço.
É talvez melhor sabê-lo. Porem-nos os pés no chão com a violência dum esticão que estatela toda uma ilusão numa parede em que nos reconhecemos desfeitos, desmembrados, irreconhecíveis. Onde nos roubam os amanhãs, onde nos oferecem a crueldade de não termos sido nada, quando ainda agora éramos feitos de sonhos de esperança.
Que todos os ontem que passaram não foram nada, não restou nada, a não ser um enorme vazio sem amanhãs. Que o passado é passado que passou, foi tempo que me cilindrou e me deixou desfeita, desmembrada, irreconhecível, até para mim. Onde é que me vou buscar agora? Se ontem não foi nada e os amanhãs me foram roubados, só resta tempo sem vida que tem de se viver ainda.
O pior é saber que tem de se sobreviver, quando não se percebe para quê.

5 comentários:

Anónimo disse...

Eva não percebe hoje, mas "amanhã" poderá fazer-lhe todo sentido...

Força

Eva disse...

:) Obrigada, mas hoje nada faz sentido, nem nos últimos tempos, e parece-me que por muito tempo...

Ana disse...

o problema é se desistimos de nós. se não o fizeres, acabas por ver a resposta à tua última questão.

Anónimo disse...

ena...tao belos textos... adoro ler te.
Eva, ninguem desistiu de ti,ninguem, sabes? nao desistas TU, dos teus sonhos.

Eva disse...

Ana às vezes é muito dificil arranjar razões em mim para não desistir, preciso dos outros, costumo de dizer que sou uma pessoa de pessoas...
Anónimo, obrigada, é bom saber que gostam do que pensamos e como sentimos, faz-nos sentir menos sós. Quanto aoos sonhos acho que o problema é que têm tendência a alimentar-se a si próprios, são de uma auto-suficiência quase daninha, o que faz que quando acabam deixam de ter com que se alimentar. Acabam sem que se saiba bem porquê, como não sabemos tantas vezes porque nasceram..