Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

28 junho 2012

Ando aqui a deambular pelo passado que não quer ser, no meio de coisas antigas, fotografias, mails, conversas, coisas que fazem rir com vontade de chorar. Não sei já a dimensão do espólio, sei que posso ver coisas de há uns meses ou de há mais de um ano, e que está lá tudo, de bom e de mau. O bom, o que eu vejo de bom, permanece enquanto testemunho de que o tempo não passa, não passava por nós, não passou. O mau também continua, cada vez mais mau, suponho, por que aí sente-se o peso do tempo que não leva a neblina e a escurece cada vez mais, torna-a cada vez mais pesada. Vejo músicas, frases, sussurros, coisas ditas, paixão que arde ainda quando se lê, e quando depois se acorda, se fecha tudo e se percebe que só arde dum lado, o outro sempre foram cinzas doutros fogos. E que eu, deste lado, cinza me torno e me desfaço.

3 comentários:

Anónimo disse...

como diria o outro, conversa, e sabe porquê? porque falar e escrever é uma tarefa muito solitária tal como a minha agora. ninguém nos dá resposta e, assim, podemos imaginar de tudo, o bom, o mau, tudo mesmo e continuamos sem uma resposta, sem saber mesmo qual a resposta certa.

Eva disse...

Sim, escrever é solitário, falar não. Ou talvez sim, depende de com quem se fala, suponho. Mas eu não preciso de imaginação para o bom, ou para o mau, só memória, e não procuro resposta. Nem se precisa procurar ou pensar muito para chegar a uma resposta certa em determinadas matérias. Ela está, e esteve sempre, dentro de cada um, é só olhar para dentro e reconhece-la. Quando não se quer reconhecê-la continua-se a olhar, a ensimesmar e a não sair do mesmo sítio, porque a resposta, a certa, não muda, mesmo que queiramos muito que ela mude. Ela está por dentro, e só por dentro se poderá mudá-la. E o querer não nos muda o dentro, lamento...e isso eu sei.

Anónimo disse...

Boa noite querida Eva