Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

26 fevereiro 2013


Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele,
e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos.

Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser
este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na
palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos
para provar o sabor que tem carne incandescente das estrelas.

Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti possa buscar
o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me
com os teus antigos braços de criança
para desamarrar em mim a eternidade, a soma formidável
de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.

Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor.


(...)

Joaquim Pessoa

[penso que este poema será uma repetição aqui no tasco, mas é tão lindo, eu gosto tanto, que de vez em quando tenho de voltar a ele. voltamos sempre às coisas de que gostamos muito, que são quase nós, não sendo nossas; falam-nos como se nossas fossem, tal nos acertam em cheio...]

2 comentários:

Anónimo disse...

Adoro o poema. É lindo, muito lindo.
É a primeira vez q leio, obrigada por te lembrares d partilhar.
Boa noite, Eva.

Beijinho.
n.

Eva disse...

É muito lindo, é. Este senhor escreve muito bem.
Boa noite, n.
beijinhos