Leio o amor no livro
da tua pele; demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve obstáculo
de consoantes, em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos. Desfolho
as páginas que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio de um roçar
de palavras que se
juntam, como corpos, no abraço
de cada frase. E chego ao fim
para voltar ao princípio, decorando
o que já sei, e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
Nuno Júdice
[Chego ao fim, para voltar ao princípio. Ao princípio de mim, quando nós fomos princípio. Agora somos sempre princípio e fim, ou princípio ou fim, como eu, que chego ao fim e vejo-me de volta ao início, que nada começa nem acaba.]
2 comentários:
Uau!!!!! Que texto mais lindo! Nao conhecia este do Júdice.
E ja agora, adorava q m'o sussurrassem ao ouvido........
e na pele, assim...
:)
Lindo.
n.
eheheh..já que se pede alguma coisa, que se peça tudo a que se tem direito!!!
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