Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

11 fevereiro 2013


"Que pena não haver uma marca branca para o amor, como agora se faz para alguns produtos de supermercado. Tão bom seria se, precisados de amor, simplesmente o adquiríssemos junto de quem estivesse disposto a dar-nos. O problema é que nós precisamos de estar prontos para recebê-lo. Senão, era muito fácil: ia-se à prateleira, tirávamos a quantidade de amor necessário para nos alimentarmos e, findo o stock, regressaríamos ao mesmo local para nos reabastecermos. Há quem faça isto com o sexo – e com o sexo dá e é muitíssimo bom – mas, com o amor, não se metam nisso. O amor não tem one night stand. Amar alguém não se pode fazer quando nos apetece, exige militância, acordar cedo para estar esticadinho na formatura.


Amar é estar nos quadros de uma empresa em lugar ministeriável, ter sexo é ser colaborador a recibo verde. Por isso é que há mais gente a ter sexo do que a amar – e reparem que não estou a adoptar nenhum dos lados –, mas quem ama pode ter sexo e quem tem sexo pode nunca conseguir amar."


Fernando Alvim

4 comentários:

O Fulano disse...

É uma equação complexa...

Eva disse...

hummm... não me parece muito complexa...parece muito simples até. No plano teórico, pelo menos, quem ama tem o produto completo, quem não ama tem de se contentar com o incompleto. Aqui a grande equação é encontrar o artigo completo...

O Fulano disse...

Não acredito que "amar alguém não se pode fazer quando nos apetece, exige militância, acordar cedo para estar esticadinho na formatura". Não devia ser assim. Devia ter a ligeireza, espontaneidade e naturalidade do one night stand, mas em loop, com a densidade da solidez emocional. É uma equação complexa. ;)

Eva disse...

Eu acho que o que ele queria dizer com "amar alguém não se pode fazer quando nos apetece, exige militância, acordar cedo para estar esticadinho na formatura", é precisamente quando se ama nunca é com ligeireza, o que não quer dizer que não se seja espontâneo, mas que é uma relação que dá, também, trabalho, porque não sendo levada com ligeireza, é demasiado valorizada para se perder por "dá cá aquela palha". As pessoas procuram pontos de equilíbrio e de cedências sem deixarem de ser elas próprias para manterem um "nós" saudável que valorizam.
E há um abismo de diferença entre amar e "one night stand", onde me parece que de espontaneidade, e de sermos verdadeiramente nós, há muito pouco. Amar tem de passar pela intimidade, e é coisa que numa noite não se arranja...parece-me.
Essa coisa do "one night stand" em loop passa a amor com a intimidade que se cria entre duas pessoas, e a vontade de estar e partilhar, sem retirar o desejo desenfreado da coisa... deixa de ser one night stand, passa a amor com tesão.
;)