Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

29 abril 2013



Fizeram-me duas declarações de Amor na vida, ou que eu assim entendi.
Em nenhuma me disseram amar, nao assim, com esse verbo a sair pela boca, mas antes a ficar dentro de quem me falava.
 Das vezes que me disseram amar, não o senti como senti quando não o disseram, mas me pareceu no que diziam não dizendo o que entendi, porque o senti mais que qualquer coisa. 
Aquela de que me lembro agora veio por mensagem acordar-me o sono para um sonho que nunca chegou a acordar, dizia que a cidade estava em chamas, mas as chamas eram só tu a chamares por mim em chamas; dizias que nada fazia sentido, que sem mim nada mais fazia sentido. 
Parece que agora tudo faz sentido e já nada está em chamas.
E eu reduzida a cinzas dum sonho que nunca acordou.

6 comentários:

R disse...

Há coisas que nunca deveriam ser ditas, para que não nos ecoassem depois... quando vemos que não foram sentidas.

Eva disse...

Sabes R, eu acho é que há coisas que nós nunca deveríamos sentir para que depois não nos ecoe o que foi dito. A culpa é sempre de quem sente, de quem sai magoado, porque só sai magoado porque sente, porque se enganou (engano nosso), porque embarcou numa viagem sem retorno sozinha. A culpa é minha, a culpa é só minha, porque só eu gostei, por isso só a mim me ecoam coisas ditas há muito tempo, só eu lembro e só a mim me dói.

R disse...

Eva... a culpa não é tua nem minha.
A culpa é de quem nos engana a sentir. Se nos dissessem a verdade, a viagem não seria assim nem sentíamos tanto para acabarmos assim.
Infelizmente, existem mais cobardes do que sinceros. É sempre mais fácil dizer o que se acha que fica bem do que a verdade nua e crua, pura e simples.

Eva disse...

Posso-me queixar de cobardia - muito, demais. Cobardia imensa e grotesca, se acreditar que não me mentiram do principio ao fim.
De resto, de mentiras não me posso queixar muito (de algumas, mas não muitas), nunca me enganaram, nunca me disseram que me amavam muito e que fariam tudo para ficar comigo, nunca me disseram que mudariam nada por mim. Eu é que às vezes sentia que gostavam, sentia-me amada, mas não por que mo dissessem...tal como nesta frase em que vi uma declaração de Amor e foi só um pensamento na altura e nada mais.

R disse...

Também não sei se me mentiram. Também não sei se me amaram.
Mas sei que as atitudes não corresponderam ao dito e isso, deve querer dizer alguma coisa.
Se calhar sou eu que sou uma sonhadora e vejo e ouço coisas que não existem na realidade.

Eva disse...

Sim deve querer dizer alguma coisa, não sei o quê, e cada vez quero saber menos.
Pois o problema é que eu também sofro desse mal sonhadora e ver coisas que não existem...