"(...) As mulheres são um cheiro. É pelo cheiro que as catalogamos no íntimo arquivo dos desejos. A que cheira uma mulher? – perguntou-me um dia a Diana. Uma rosa cheira a rosa. Um cravo cheira a cravo. Não sei a que cheira uma orquídea. Mas sei que todas as orquídeas cheiram igual, respondi. Já as mulheres, nenhuma repete o cheiro. As que nos refrescam têm cheiro de rio, as que nos enchem têm cheiro de mar. Todas as mulheres têm um cheiro húmido. Como a boca. Como o sexo. Só gostamos de uma mulher quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a bebe-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu cheiro não conseguimos ama-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos, companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transporta-lo para dentro de nós. Amamos uma mulher quando cheiramos ao seu cheiro..."
JOÃO MORGADO, in DIÁRIO DOS INFIÉIS
[a que será que eu cheiro? se calhar não cheiro, deve ser isso...]
4 comentários:
Muito lindo!
Pois é... Tu nao te perguntaste logo a que cheirarias? Eu foi... E não faço ideia, que sensação é que o nosso cheiro passa para a outra pessoa...
Sim, passou imediatamente pela cabeça...
E não pode deixar de fechar os olhos e me recordar novamente dos cheiros que me inundaram tantas vezes...
Eu tb não faço ideia Eva, mas gostaria de poder saber.
:)
Pois eu também não faço ideia... E também me fez responder a minha própria pergunta relativamente aos cheiros que recordo.
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