Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

17 maio 2013


Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para a parte ainda livre do dia seguinte.

Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.

Grande sossego de já não haver sequer
De que ter sossego!
Grande tranquilidade a que nem sabe encolher ombros
Por, por tédio, ter passado o tédio
E ter chegado deliberadamente a nada.

(...)

Álvaro de Campos

[chegamos a nada quando não partimos nunca. não precisamos de malas, desarrumamos tudo cá dentro, mas temos tanto peso na alma que sobra nos ossos. É sempre véspera, nunca é véspera, porque nunca nada acontece. nunca se começa a viagem, apenas se encolhem os ombros, já nada se espera, já nada se faz na véspera de não partir nunca.]

4 comentários:

Anónimo disse...

Desarrumamos tudo cá dentro? Mais ainda? pah, não há espaço para desarrumar mais nada. Tá um caos. Agora só com uma equipa de chinesinhos "isto sem intenção prejurativa claro" e um líder carismático assim daqueles da américa do sul, para tentar por alguma coisa no sítio.

Eva disse...

Eu sou a desarrumação em pessoa, por isso pouco indicada para falar, mas nao é coisa que ninguém possa fazer por nos, nós é que temos de ser a equipa de chinesinhos e ter a vontade do líder carismático. Não é fácil, mas só pode ser feito assim, custa pq já o fiz, mas não me arrependo.

Anónimo disse...

O b de bfs pode ser muita coisa.

Eva disse...

Por exemplo? Eu só me lembro de bom fim de semana...