Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

10 outubro 2013

"Estavas de costas e eu toquei-te num ombro.

Demoraste três anos a voltar-te."

Joaquim Manuel Magalhães 



Não sei quem é que tocou quem no ombro, talvez fosses tu quem me tocou,
 mas és tu que demoras mais de três anos a voltar-te, 
ou a ver que me voltei para ti, ou simplesmente a ver-me.
Sim, acho que é isso: tu tocaste-me sem me ver, nem quando me voltei inteira para ti me viste. 
... porque me tocaste tu no ombro se nem agora me vês?

2 comentários:

do Paço disse...

E é claramente isto.

É esta pureza - sinceridade bruta.
Um Bruto de cru, de «sem filtros».

Eva, é isto que adoro na tua escrita!
E adoro porque não são palavras, são sentidos e emoções.

Pergunta: Será que se espera a vida toda por um «virar» de frente?

(O Livro, Eva... Escreve o Livro!)

Eva disse...

Pois, sabes que não sei a resposta a essa pergunta... não sei, talvez a vida nos faça virar a nós, talvez um dia se acorde e já não se espere, talvez nesse dia uma pessoa perceba que quem não nos vê, quem nunca nos viu, nunca se poderia virar para nós se nem nos vê ou viu!!! Se nos tocou afinal por engano...
O problema de tudo isto é que nesse dia ficas com uma imagem, embrulhada em alguém, de ti nas mãos. Imagem que viste reflectida num espelho que afinal nunca esteve à tua frente. Então o que viste tu afinal?? o que aconteceu afinal??
O que tu amas no outro é tanto, mas tanto, o reflexo de ti que ele te mostra... e depois, o que fazer com isso? onde arrumar essa pessoa que tu és, e que descobriste, através de alguém que nunca existiu como tu imaginaste, e sentiste, que existiu?? Como?
Nesse dia talvez eu descubra. Nesse dia respondo-te.
Ou talvez esse dia não chegue e toda a vida se espere por esse "virar" de frente.
A grande tragédia e a grande beleza da vida é não sabermos nunca o que ela nos reserva, por muito que achemos que sim, que sabemos, que há coisas que podemos controlar e com que podemos contar, que há chão que não nos foge dos pés. É mentira: todo o chão te pode fugir dos pés. Culpa do chão ou dos pés, um deles te fará de repente pairar.

Bom Dia!!
(PS: já te disse que não faria ideia sobre o que escrever num livro, rapaz, nao tenho imaginação para isso, só sei escrever do que transborda de mim, do que sinto, do que vivo e do que morro todos os dias.)