Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

07 novembro 2013


(...)
Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo, das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre

te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada

que eu queira alguma vez que me pertença.

Maria do Rosário Pedreira


[não tenho nada do que queria que me pertencesse.
 a mim pertence-me a solidão e a vida que não tenho escolha viver, é a que acorda comigo todos os dias, cada dia que nasce quando os olhos se me abrem, e pareço andar com eles fechados o dia todo, a vida toda. Abri-os uns momentos, vivi, mas depois vieram as tuas mãos e fecharam-mos. 
O que vejo hoje são meros reflexos do que se passa à minha frente. Nada parece chegar cá dentro. Por dentro os olhos fecharam-se. Por dentro já nem pareço respirar. Por dentro, parece que são apenas palavras conjugadas - por dentro de mim é um sítio que já não existe. Morreu. Morreu em ti.]

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite, Eva.


pisca pisca

Eva disse...

Boa noite, querida pisca pisca

Anónimo disse...

Bom dia Ev@

Eva disse...

Bom di@