Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

22 julho 2014

... hoje o dia acordou-me estranha. Fiquei uns dez minutos a olhar para a porta aberta do meu quarto, ainda dentro da cama meio coberta meio descoberta, entre o levantar e o ficar, a perder-me naquela luz da manhã e a pensar em quem não mais sairá por aquela porta, ou voltará a entrar. É uma sensação estranha, deixa-me meio desmoronada e completamente indefesa, sem forças que me levantem da cama nem vontade que me obrigue a fazer alguma coisa. Começo a tentar pensar no que tenho para fazer no dia, pensar no que vou vestir, no caminho com sol até ao trabalho, na música que acompanha a paisagem, nas coisas boas que gosto e me vão mimando um pouco. 
Penso em trabalho e dou por mim a pensar em ti, em que me fazes falta, fazem-me falta as nossas discussões, o dizeres-me que tenho o sangue muito quente ainda, que sou muito nova, que tenho de ter calma e diplomacia (diplomacia, eu??? não sei fazer isso e acho que não preciso de aprender...sou teimosa), que não se faz tudo duma vez. Sinto falta de me chatear contigo, de te dizer o que penso mas a última palavra ser tua, a decisão ser tua, e a responsabilidade partilhada, o esforço partilhado. Sempre. 
Sinto-me sozinha. Que solidão excruciante, que sensação de vulnerabilidade, fraqueza, fragilidade. Onde estou eu? onde ando que não me tenho nem me acordo? 
Sinto-me tão sozinha, nunca pensei que viesses a fazer-me tanta falta, mas fazes. Sinto falta de me sentir protegida e foste, juntamente com o meu irmão, das únicas pessoas que me protegeu (pergunto-me porquê, será que pensam que não preciso, que não quero?), mais por amor ao sangue do que por amor a mim, mas sentia-me protegida, se fizesse asneira tu amparavas e disfarçavas, protegias-me além do teu reconhecido egoísmo, mesmo que fosse depois duma discussão e entre olhares enviesados de parte a parte. Sempre me soubeste frontal e sincera, e como dizias "nariz empinado", mas protegias-me e eu agora queria isso, que me protegessem, que me amparassem, que me ajudassem a levantar, que me protegessem duma vida que não estou a saber viver e que me livrassem de mim. 

[quando vi há pouco esta foto apeteceu-me que fosse verdade, que se eu esperar aqui quietinha e bem comportada alguém vai chegar com ajuda. Posso descansar porque vai haver ajuda. alguém me vai ajudar, alguém me vai dar a mão e ajudar-me a levantar. ]

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