Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

08 julho 2014


E aqui estou eu no meu sofá debaixo das estrelas que não vejo, mas sei que estão lá mesmo quando não as vejo, a olhar para a lua que está baixa e corada... Muito corada, alaranjada. Dizem que vai começar o calor, os dias bons, e eu aqui que só acabo, só me acabam tudo, só me acabam, e aqui me sento: acabada. Acabada com frio debaixo duma manta quente. Fumo um cigarro, mais um e pondero deixar-me dormir ao relento. Ao relento dos pensamentos sentidos. Pode ser que acorde corada, ou acabada na mesma. Sei lá. Aqui não se começa nada, só se acaba. É estranho em cada fim há sempre um começo de qualquer coisa, onde está? Onde anda? É como as estrelas que me vigiam mas eu não vejo? A lua quase a esconder-se agora por trás dos edifícios, quase vermelha. Será raiva? Ou está farta de sumir no horizonte, sem darem por ela?

Sem comentários: